A primeira coisa que penso ao pegar a edição da primeira graphic novel original da Marvel Comics em muitos anos é: "Legal, lançamento mundial!"
Nunca entendi por que não aproveitar o atual estágio da informação e zerar completamente o delay cronológico (e olha que alguns amigos editores já tentaram explicar).
Em seguida achei uma edição bonita, com bom papel, capa dura, uma boa quantidade de páginas e um preço justo pelo que entrega na parte gráfica, lembrando em muito as edições americanas das graphic novels dos anos 1.980.
Mas tirando isto, Vingadores: Gerra sem fim de Warren Ellis (texto), Mike McKone (arte) e Jason Keith (cores), ISBN 978-85-658-493-0, Panini Comics/Marvel Comics, outubro de 2013 (lançamento mundial) é apenas uma história que busca colocar em evidências os personagens dos Vingadores que tem franquias cinematográficas, como Capitão América, Thor e Homem de Ferro, e correndo por fora Wolverine, Hulk, Gavião Arqueiro, Viúva Negra e Capitã Marvel (a única que não está nas versões cinematográficas até o momento) e com isso conseguir uma história que venda em todos os países em que o livro for lançado.
Ao fundo, fica-se com a impressão de uma continuação que usará uma trama envolvendo a SHIELD e a limitação ao super-humanos, mas a trama não deslancha neste sentido. Veremos as vendas, então a coisa pode virar uma trilogia, tão em moda na produção cultural.
[A trama]
Em um país em que os EUA estão fornecendo suporte militar para acabar com uma revolta civil, o Capitão América encontra um fantasma do passado e pede que a equipe dos Vingadores vá lá investigar com ele.
Thor, o deus asgardiano, também vê-se envolvido, pois o armamento (um evolução dos drones tão polêmicos atualmente), na verdade, é fruto de um dragão místico que eventualmente escapou para nossa dimensão e que ele acreditava ter destruído durante a Segunda Grande Guerra.
A trama complica razoavelmente quando a SHIELD continua a esconder informações e um lote destes drones-dragões vão para dentro dos Estados Unidos com risco de enlouquecerem após a ativação.
[Opinião]
A trama tem diálogos longos, próprios de Ellis, mas realmente sofre com uns cortes abruptos em algumas passagens. Note ao menos duas: 1) quando o Thor descobre os drones e começa sua narrativa, e 2) quando o Capitão América se depara com a dupla responsável pelos monstros. A arte e as cores funcionam bem, mas o foco é no conflito que move os heróis especialmente a necessidade de usar Wolverine e Hulk para fazerem o serviço sujo. O chato é pensar que há tanto no infinito baú dos limitados conflitos que o Capitão teve na Segunda Guerra.
Ellis consegue produzir uma história da equipe da Terra 616 (a Terra padrão do Universo Marvel), mas com uma claríssima inspiração na narrativa dos Supremos, a versão dos Vingadores do Universo Ultimate. Ao usar a Segunda Guerra como ponto inicial para a trama, faz ecoar o primeiro volume de The Ultimates de Mark Millar e Bryan Hitch, assim como usar o quarteto Capitão, Hulk, Thor e Homem de Ferro não exatamente como amigos, mas como aqueles que vingam.
Um detalhe adicional é o inútil aplicativo MARVEL AR (Marvel Realidade Aumentada), que não fornece nenhum informação útil e apenas anima um quadro ou mostra um diálogo nesta ou naquela sequência - contêm 3 intervenções e testei duas, mas vou conferir novamente. É um produto sub-utilizado!