Admito: sou um leitor
cansado, velho, chato e cheio de vícios. Mas nos anos 1.980 pelo
menos eu tinha satisfação em ler quadrinhos Marvel. Cada
série contava uma boa história com início, meio e fim.
Com os anos surgiram
dezenas de selos, universos, leituras e releituras. Pelo menos um
personagem atual Valiant, o Harbinger, é resultado da
criação de Jim Shooter, famoso editor-chefe da Marvel,
responsável pelo Novo Universo e por Estigma
(Starbrand). Nota-se claramente isso.
Sim, vou começar pelo
caminho errado! X-O Manowar é o Homem de Ferro,
Harbinger é Estigma (que por sua vez era o Superman,
mas o atual Harbinger parece mais o Professor X) e Bloodshot
é Wolverine + Justiceiro. Não muito estranhamente
todos personagens presentes no cinema.
Ou não...
O não é por que estes
personagens trazem contextos semelhantes aos personagens clássicos
das editoras em quadrinhos, mas advirto: não são eles e parecem ter
algo para contar.
X-O Manowar
(Robert Venditi, Cary Nord (Conan) e Stefano
Gaudiano) narra a história de um visigodo que enfrenta o Império
Romano e durante um combate é sequestrado por alienígenas, fica
alguns anos aprisionado, se apossa de uma armadura e foge de seus
opressores, disposto a destruir os romanos. Ao retornar para a Terra
se passaram 1.600 anos!
Harbinger (Joshua
Dysart, Khari Evans & Lewis LaRosa) conta a
história de um poderoso psiônico e de duas organizações, uma na
captura dele – e quase consegue ao final da primeira edição – e
outra disposta a treiná-lo. Aparentemente esta organização tem em
seus quadros diversos psiônicos e gente capacitado em treiná-lo.
Mas poderá um ser tal poderoso servir aos objetivos de uma
organização?
E por fim, a edição #02
(junho/2013, R$ 8,90) trouxe Bloodshot (Duane Swierczynski,
Manuel Garcia & Arturo Lozzi, Stefano Guadiano)
que retorna ao tema do soldado com múltiplas memórias implantadas e
um fator de cura, resultado aqui, do uso de nanitas. Na segunda
edição foi a história que me impressionou de maneira mais
positiva, fruto da boa arte de Manuel Garcia e de um roteiro bem
amarrado, que não se furta das referências (Identidade
Bourne, Arma X, Wolverine) mas prefere deixar claro
que pode criar uma amálgama de qualidade disso.
* * *
A iniciativa da HqManiacs
me impressionou! As edições tem boa qualidade geral – ainda que
um excesso de espaço para as capas variantes – e aparentemente há
espaço para mais um “novo universo”. Há uma preocupação real
com narrativa e pouca em produzir um universo interligado, algo muito
comum em materiais pós 1.980. Certamente os personagens e
organizações irão se encontrar, mas antes teremos espaço para
entender quem é cada personagem e o quê o motiva.
Indicado para quem, como
eu, é velho, chato e cansado e está a fim de ler histórias e não
apenas mega-eventos, um na rabeira do outro.