Uma de minhas histórias
preferidas do Superman, “Must there be a Superman?”
publicada originalmente em Superman v1 #247 (janeiro de 1972)
é uma aventura onde os Guardiões do Universo avisam que o
homem de aço está interferindo no desenvolvimento da humanidade ao
estar disponível para resolver todos os problemas, e assim, não dar
espaço ao ser humano para reconhecer e analisar seus próprios
defeitos, evoluindo como civilização.
Em dezessete páginas a
trama encerra com o herói decidindo estar disponível apenas para
aquilo que a humanidade ainda não tem condições de enfrentar como
ameaças cósmicas e interplanetárias, ameaças da natureza e
ataques de vilões.
[Crítica]
Isoladamente a trama é
muito boa, mas evidentemente quando tentamos encaixá-la em um
processo cronológico maior, perde um pouco do impacto, já que o
personagem da DC Comics ignorou parte das decisões tomada por
ele e continuou a intervir em tudo, exceto fornecer tecnologia de
ponta para a humanidade, uma verdadeira crueldade do ponto de vista
filosófico ou uma adaptação muito estreita da “1ª diretriz”.
A trama tem um potencial
revolucionário implícito. Superman é um “deus”, a
personificação da possibilidade da solução de todos os problemas
da humanidade, mas os Guardiões (estariam agindo sem nenhuma
motivação menos nobre como, por exemplo, os ciúmes?) acreditam que
agindo como este “deus físico” e resolvendo todos os problemas,
o herói interferia demais na história da civilização – para um
efeito perfeito devemos esquecer que a Tropa dos Lanternas Verdes
pode ter uma aplicação semelhante.
Quando retorna de Oa
para o planeta Terra, o herói age em uma greve e explicita que ainda
que pudesse auxiliar em tudo e tomar a ação para si, assim como o
poder de decisão, reduziria suas “interferências” às coisas
que os seres humanos não têm condições de enfrentar, e o restante
a humanidade deveria aprender a agir sozinha.
Nas entrelinhas vejo a presença da expressão popular atribuída a Deus (mas não presente na Bíblia): “faça a tua parte, que eu te ajudarei”.
Nas entrelinhas vejo a presença da expressão popular atribuída a Deus (mas não presente na Bíblia): “faça a tua parte, que eu te ajudarei”.
Ao questionar se “Deve
existir um Superman?” Elliot S! Maggin queria dar
uma função ao herói. E deu! Afastou-o da vida comum e tornou-o um
super-herói, limitando
seu campo de ação. Tirou
dele a possibilidade de agir como um “deus ex-machina” para a
humanidade, pelo menos até o final daquela história.
Não
sei dizer se a solução foi boa, já que não foi devidamente
implementada, mas se existisse um “super-homem” no mundo real,
esta seria uma boa solução.
Excelente
história com arte de Curt Swan
e finais de Murphy Anderson.