A história tinha que se
encaixar no conceito vigente na época de que cada série do Superman
era um capítulo semanal e então perdia algumas páginas para situar
o leitor de coisas que aconteceram em outras séries. Em síntese uma
foto mostrou o Superman com uma aliança e foi amplamente questionado
o fato do herói ser ou não casado.
Então no conforto de seu
lar Lois Lane, então a esposa, brinca com Clark
sobre quem seria a mulher perfeita para o homem de aço, enquanto o
jornalista teima em simplificar a questão informando que havia a
escolhido. Lois brinca sobre os nomes possíveis e então eis que a
Mulher Maravilha bate à janela.
No resto da história a
jornalista se questiona sobre seu papel e se está à altura do seu
esposo, mas o foco que quero é outro.
Superman e Mulher
Maravilha são transportados para Valhala onde auxiliam Thor
e alguns deuses asgardianos em uma batalha contra um inimigo mortal.
A batalha dura 1000... isto mesmo, mil anos!
Para provar o amor (super
amor?) o roteirista apresenta um homem apaixonado por sua esposa,
mesmo ciente que tem uma deusa ao seu lado. A dupla não envelhece e
o amor do herói se mantêm até que ao final, derrotando a ameaça
retornam exatamente para o momento em que foram para Valhala.
[Comentários]
Tolinha, a história
serve para o eterno fetiche dos leitores de quadrinhos: quem é a
mulher perfeita para o “homem perfeito”?
Sinto, mas em mil anos o
herói teria perdido o cheiro de Lois (várias vezes citado na
história), a linguagem e até mesmo alguns conhecimentos de sua
profissão, como padrão de produção de texto, afinal são mil anos
enferrujado!
Dizer que o Superman
resistiria a 1000 anos (ou 365.000 dias e noites) ao lado da amazona
é criar uma fábula, por sinal função da história, criar
a fábula do marido perfeito, mesmo exposto diariamente à
perfeita tentação. Porém é uma fábula impossível de ser crível,
especialmente quando ao ler a aventura percebe-se claramente que a
heroína deseja o homem de aço.
Dizer que alguém retorna
de 1000 anos de isolamento sem nenhuma alteração (ou resolvê-la
apenas com um truque de mágica) é chamar o leitor de tolo, mas
deixa claro que o padrão da época era tentar contar uma história e
“colá-la” no esquemão da editora.