O livro inicia segundos depois do
volume anterior e começa levando a anti-heróina para um hospital
com uma bala no cérebro. Está à beira da morte! Seu pai também
está semi-morto e sobrevive, ainda atenção indejesado e assim, os
mesmos agentes da lei que ocultaram as ações dele no passado,
desejam agora, que Salander seja considerada louca ou criminosa e
novamente seja posta atrás das grades, preferencialmente
definitivamente.
Blomkvist, mesmo entendendo que
Salander é reservada, decide auxiliá-la, indicando sua irmã como
advogada e fornecendo, sob toda a fiscalização do estado, material
para que a moça auxilie no projeto de provar sua inocência.
O livro funciona, mesmo tendo 680
páginas. Às vezes é possível, ler de um fôlego só, 200, 300
páginas. Há tramas que não acrescentam em nada a trama geral, em
especial uma trama com Erika Berger, editora da Millenium
e amante de Mikael, que é ameaçada, acredita-se, por uma fã
obsessivo.
Mas, assim como o segundo que tem um
prelúdio longo, este tem um posfácio demorado. A trama termina, mas
fica um gancho em aberto que consome bem umas 80 páginas. O livro é
divertido e Larsson é didático. Depois de alguns momentos é
possível esquematizar seu método de apresentação de personagens.
Há duas narrativas padrões de apresentação, a primeira de um
agente da Seção e outra de um profissional de limpeza do Hospital
onde Lisbeth passa dois terços da trama, que tem estrutura
semelhantes. Mesmo nos outros personagens, há ecos do padrão de
construção e a maneira como o autor os apresenta.
Para alguns padrões o livro choca em
alguns momentos em que apresenta a sexualidade dos personagens. Não
gasta páginas narrando mirabolantes fantasias sexuais. Às vezes nem
sequer meio parágrafo. Mas deixa claro que os personagens são
adultos e que estão abertos e novas experiências e parceiros. Por
isso choca. Trata com naturalidade e não como exercício de
imaginação e faz com que, o leitor acredite que tudo aquilo
realmente pode acontecer.
Sobre o quê “pode acontecer” é
que fica o defeito do livro. Os vilões primeiro se posicionam um
passo à frente dos heróis. Estes se põe então dois passos à
frente. Os vilões percebem e se reposicionam. Os heróis então
novamente se reestruturam, sem nunca serem realmente derrotados e ao
leitor fica a impressão que nunca estiveram realmente sob ameaça,
mesmo Salander passando praticamente todo o volume na prisão e
Mikael sob vigia e escuta telefônica. Cria-se a tensão diante dos
avanços dos vilões, mas não cria em nenhum momento uma real ponta
de dúvida de que os heróis triunfarão.
[O futuro da série]
É público que Larsson criou rascunhos
para uma decalogia. Ele morreu em 2.004 depois de entregar da entrega
dos três primeiros volumes completos. É sabido que no notebook
de sua amante há ¾ do quarto volume da série. E a amante tem se
apresentado na impressa como auxiliar nos livros anteriores, tentando
validar-se como uma pessoa capacitada para dar sequência ao
trabalho.
As leis da Suécia não foram
construídas prevendo um possível direito para amantes. Assim, os
herdeiros legais da obra de Larsson são a esposa e filhos do
casamento constituído.Porém como a possível sequência da série
está em um notebook que pertence à amante, o assunto tem sido
tratado com o maior cuidado.
Em breve veremos novos lances para esta
trama.
A rainha do castelo do ar, Stieg
Larsson, Companhia das Letras, 2010, ISBN 978-85-3591628-7.
Trilogia Millennium
|
1 | Os homens que não amavam as mulheres |
2 | A menina que brincava com fogo |
3 | A rainha do castelo do ar |