A história começa deixando implícito
a falha dos heróis e, em particular, a falha da política boa praça
de Charles Xavier.
Quais serão as consequências para a
maior ação anti-mutante na maior equipe de mutantes?
Como o mundo, os X-Men e o
Professor Charles Xavier reagiram a isto?
Com a morte de Magneto no ataque –
uma antecipação visual ao 11 de setembro, já que a edição tem
cover date de julho – surgirá um novo líder mutante para
contrapor a proposta de paz de Charles Xavier? O mundo não aceita
vácuos e como ele será preenchido?
Este é o mote inicial de “E de
Extinção” o primeiro arco de Grant Morrison à frente
dos mutantes da Marvel Comics, iniciando uma longa passagem
cheia de altos e baixos. Altos certamente seriam as atitudes, o
visual clubber e o primeiro ano de produção, mas seguindo um
triste padrão na obra de Morrison, a partir do segundo ano o
escritor parece perder a mão e o foco. As vendas e a edição
torna-se a série mais do mesmo, ainda que tivesse um “algo” a
mais.
Aqui somos apresentados à Cassandra
Nova e sua origem é tão chocante quando ridícula, algo que
Morrison exerce com sobriedade. Assim como sua passagem em Patrulha
do Destino, seus Novos X-Men tem um exagero de mutante
disfuncionais, feios, horrendos até, e histórias que beiram o
ridículo, como luta em ventre ou mutantes que possuem um buraco
negro na cabeça. Todo o ridículo é utilizado em nome do choque de
valores, de ideias. Esqueçam mutantes lindamente construídos e
passe a pensar neles como criaturas bizarras, uma espécie agora à
beira de extinção reunida em uma escola no interior dos EUA.
Sim, novamente a Escola para Jovens Superdotados passa a ter sua função social exposta e funciona muito bem, sem interromper a trama geral. Têm-se a nítida impressão que a escola é uma escola. Há alunos, há aulas, parece realmente que os X-Men estou fazendo a diferença na questão mutante: educá-los e ensiná-los a utilizar seus poderes.
Como subtrama a criação dos O-Men,
uma organização humana que captura mutantes para retirar seus
apêndices que os diferenciam e implantar em corpos normais.
[Opinião]
Apesar de como já disse ser uma época
de altos e baixos, especialmente pela arte e pelo final, a passagem
de Grant Morrison por New X-Men é muito interessante. Ele reúne um
grupo reduzido de mutantes (Xavier, Jean Grey, Scott
Summers, Hank McCoy, Emma Frost e Logan) e
consegue durante algum tempo se distanciar das séries Uncanny
X-Men e X-treme X-Men, que em geral não produziam
material de qualidade. Por isso o texto de Morrison se sobressai
facilmente. Enquanto Joe Casey falava de igreja, redenção do
Fanático ou sexualidade e Chris Claremont formatava
uma série que estrutura semelhante à sua fase clássica, Morrison
estava sendo avant premiere e discursava sobre terrorismo a
nível global, genocídio e uso de órgãos mutantes em humanos,
criando uma raça artificialmente híbrida. Mais atual que isso,
impossível!
Tudo fazia sentido e era bem
trabalhado. As sugestões e explicações não viam com milhares de
recordatórios nas páginas. Scott Summers, na fase anterior, tinha
retornado da morte depois de ter sido um receptáculo de Apocalipse
e os leitores sabem disso de maneira eficiente. Bobagens como a
secunda mutação – também de uma fase anterior – são bem
trabalhados, especialmente na detestável Emma Frost com sua ridícula
habilidade de tornar-se uma versão do Colossus, porém em
diamante vivo. Até mesmo a tensão sexual entre Wolverine
e Jean Grey é resgatada e passa a fazer parte da série em
necessidade de ir recapitular histórias de vinte anos antes.
Em um momento em que a Fox
estava produzindo a sequência do primeiro longa-metragem, New X-Men
cumpriu bem a máxima de reapresentar os heróis mutantes da editora
para uma nova audiência ou também para a audiência antiga, se
estivesse interessada no choque do novo.