A série e os
personagens de A-SS transcorriam na Terra-2, uma das Terras do
Multiverso de então. Neste universo os super-heróis da DC surgiram
nos anos 1939/1940 e a série contava aventuras que passavam em 1.941
fazendo retro-continuidade.
Thomas então viajou
para a Europa com a esposa. Quando retornou descobriu que não
poderia utilizar mais alguns personagens como Batman & Robin,
Superman e Mulher-Maravilha. Logo a própria série
seria cancelada para passar por uma reestruturação que visava
adequar-se à nova realidade da editora: um só universo.
Neste novo universo a
trindade só surgiria no início dos anos 1.980.
* * *
Paul Levitz e
John Byrne procuraram uma maneira para explicar a existência
de uma Legião dos Super-Heróis no século XXX. Afinal
o grupo havia sido inspirado na lenda do Superboy, a
identidade que o Superman utilizou quando adolescente.
Porém no novo universo
DC o Superman não havia sido Superboy. John Byrne, o escritor
contratado para reformular o homem de aço – junto com Marv
Wolfman – preferiu aproximar-se do conceito original do herói
e tirou a retro-cronologia do garoto de aço da história do
kryptoniano, fato que assumidamente se arrependeu posteriormente.
Sem um Superboy, Levitz
– escritor da Legião – e Byrne criaram o conceito do Universo
Compacto criado por um vilão da equipe. Ficamos com um gosto
ruim na boca. Gosto que se repetiu várias vezes naquele período,
seja nas história do Gavião Negro ou nos adendos em Lanterna
Verde.
Era um universo em
construção e a poeira ainda não tinha assentado definitivamente.
Anos depois a editora
mataria o homem do amanhã e apresentaria quatro novos Supermen. Um
deles se transformaria no Superboy “definitivo”: um clone mal
construído do Superman. Ambos, o kryptoniano e o clone, fizeram
parte de Legiões distintas; o primeiro da Legião clássica e o
segundo da Legião presente na série The Legion.
* * *
Em ambos os casos, de
Roy Thomas ou de Paul Levitz & John Byrne, o tempo se encarregou
de cuidar dos destroços, da poeira. Mark Waid chegou a dizer
sobre o período que algo que era válido em uma semana talvez não
fosse válido na semana seguinte.
Algumas histórias
criadas em um primeiro momento se tornavam erros terríveis e eram
esquecidos e refeitos, vide Poderosa.
Assim é com o Batman
em Os Novos 52. O universo de super-heróis da DC Comics
surgiu a apenas cinco anos antes do reboot de outubro de 2.011.
Alguém então se
lembrou de perguntar como Batman teve quatro Robin em tão
pouco tempo: Dick Graysson, Jason Todd, Tim Drake
e Damian Wayne, entendendo que a Salteadora já havia
sido retirada da lista.
Bobos. Assim como no
período 1.987-2.011 basta escrever ou reescrever diálogos ou
simplesmente ignorar a história. Ou por acaso você se esqueceu que
Salteadora, que foi uma Robin por cinco minutos – e morreu... e
voltou – também foi mãe e deu o bebê para a adoção?
Com isso em mente os
editores da DC Comics explicaram que Tim Drake nunca foi Robin,
tornando-se deste o primeiro momento o Red Robin (Robin
Vermelho). E aí a editora reconta a história do arco “A lonely
place for dying” explicando que após descobrir a identidade do
Batman, Drake tornou-se o Robin Vermelho.
Seus pais não passaram
pelo “Ritual de passagem” para ser Robin, eufemismo para
dizer que não foram assassinados.
A explicação da DC
não convence por que Dick, Jason, um período de luto com uma rápida
parceria com Tim Drake, mesmo utilizando uma alcunha diferente, e
então o atual Robin em cinco anos continua a ser muito pintassilgo
para pouco bat-ano.
* * *
Nisto vejo o caso de
Levitz, de novo escritor da Legião: continuou a escrever a série
sem tocar nos pontos de conflito e esperar a poeira assentar.
Aprendeu a lição.