A coisa funcionava na National Periodicals (a atual DC Comics) com a série da Justice League of America e deveria funcionar na Marvel que escalou Stan Lee & Jack Kirby para cuidar do novo título – não por acaso roteiro e/ou desenhista de quase todas as séries individuais dos personagens.
A trama da primeira
edição não é grande coisa. Loki queria criar um problema
para o irmão, o deus nórdico Thor e desejava fazer um
confronto entre este e o monstruoso Hulk, mas acaba criando
condições para que os heróis, em princípio reunidos para
enfrentar o gigante esmeralda, se unam para enfrentarem ameaças em
comum. Loki nunca se perdoaria do ocorrido, mas somente pouco mais de
25 depois planejou um grande ataque contra a equipe.
Era setembro 1.963 e
pela primeira vez foi reunido a equipe com Hulk, Thor, Homem
de Ferro, Homem Formiga
& Vespa, já com a colaboração de Rick Jones, o
parceiro mirim do Hulk, que seria uma espécie de mascote não
oficial da equipe e trocaria constantemente de herói principal:
surgiu no Hulk, mas foi parceiro do Capitão América, do
Capitão Mar-vell, do ROM, de Gennis Vell...
entre idas e retornos ao alter ego do dr. Bruce Banner.
Note que ainda é o
momento da criação do Universo Marvel, que já nascia unificado,
mas os personagens não tinham um formato definido. O Hulk em alguns
panéis é desenhado com três dedos nos pés, o Homem de Ferro a
cada número tem uma nova armadura e o outro cientista da equipe –
Hank Pym – não exitaria em trocar de identidade e de uniforme de
forma radical.
Assim na segunda
edição, Homem Formiga já era o Gigante e o vilão era o
Fantasma do Espaço, que substituía fisicamente as pessoas,
enviando-as para o Limbo. Agindo como os heróis o vilão
criou conflitos que acabam afastando o Hulk e dando o mote de
mudanças constantes na série. Apesar de uma história bobinha, a
ideia do Limbo seria bem explorada por outros autores décadas à
frente.
Seguindo esta tendência na terceira edição o Homem de Ferro vai atrás de novos membros para a equipe, cogitando o Coisa, o Aranha e mesmo os mutantes. Mas não está livre de todo do Hulk, que desta vez se une à Namor – o ressurgido Príncipe submarino – contra a equipe. Num futuro muito distante o próprio Submarino seria um valoroso membro dos Vingadores.
O conflito permite que
na quarta edição o Príncipe Submarino encontre esquimós adorando
um homem congelado, e o atlante irado, joga o bloco no mar. A equipe
em perseguição à Namor acaba encontrando o homem mantido em
hibernação, que se revela o Capitão América, herói da 2ª Grande
Guerra desaparecimento em ação.
Não demora nada para o
herói se unir à equipe, enfrentar Namor e a partir desta edição
Os Vingadores terem oficialmente o Capitão América em suas
fileiras. A história é que o Capitão América e seu parceiro mirim
original, Bucky, foram feridos numa missão mortal. O Cap,
graças aos efeitos da drogas em seu organismo, conseguiu sobreviver
nas águas em baixa temperatura, congelando-se, mas o destino de
Bucky certamente foi a morte, plot de dezenas de aventuras solo e em
equipe do bandeiroso.
Este primeiríssimo
bloco de histórias só funciona para fãs hardcore da equipe,
ou ainda os fãs hardcore deste momento da Marvel Comics. As
histórias parecem colagens de personagens e a equipe serve mais para
os autores resgatarem heróis do passado da Marvel do que realmente
para narrar uma aventura. Personagens de duas décadas antes como o
Tocha Humana (restaurou o nome na equipe Fantastic Four,
mas em um novo herói), Namor (restaurado primeiro também em
Fantastic Four, mas presente em outras séries da editora) e agora o
Capitão América. Anos depois Roy Thomas iria homenagear
outro personagem clássico da editora nos anos 1.940 e iria “criar”
o Visão, que estaria sempre ligado à equipe, mas era uma
versão livre de um personagem da Era de Ouro.