Como cientista Lidenbrock gostaria de comprovar os enganos da teoria de um fogo que arde no centro do planeta – coisa, por sinal, que não cai por completo.
Talvez temendo perder qualquer base científica, Verne, não nos presenteia com toda uma civilização subterrânea, mas sim, com rápidos lampejos de animais anti-diluvianos, especialmente aquáticos, e um rápido vislumbre de um ser humano ancestral vivo; ainda que tenha encontrado muitos cadáveres mumificados.
Para o fã de quadrinhos, percebe-se facilmente o livro como fonte de inspiração para Mike Grell, criador de Warlord (o Guerreiro, no Brasil, publicado no século passado pela EBAL e Abril). Além do descontrole de uma bússola, do fato de adentrar um buraco no globo e encontrar uma civilização e iluminação própria não baseada na estrela mãe, a localização da entrada para a aventura no vulcão Sneffels é uma sombra projetada pela montanha Skartaris – nome da Terra fantástica criada por Grell. Haja sutileza!O romance, recém disponível no Brasil em edições portuguesas da RBA encontradas em banca com a clássica capa que sintetiza numa só ilustração todas as Viagens Extraordinárias é um acerto para o público que encontra as primeiras letras: não tem violência, não há palavrões, não há menção a sexo e entusiasma o leitor de qualquer idade. Eu, aos 36 anos, li a edição de 268 páginas praticamente num fôlego só.
