Traduções e curiosidades

s Como são feitas as coisas.

J. R. R. Tolkien, autor de O hobbit e da trilogia O senhor dos anéis (A sociedade do anel, As duas torres e O retorno do rei) era professor e linguista de alta formação. Sua obra em três partes têm tradução de Lenita Maria Rímoli Esteves (Mestre em Tradução) e Almiro Pisetta (Professor de Literatura de Língua Inglesa), além de revisão técnica e consultoria de Ronaldo Eduard Kyrmse sob coordenação de Luís Carlos Borges.

Tanta erudição para um livro que só ganhou respeito em terras tupiniquins depois da trilogia cinematográfica. Lembro-me vagamente de ter lido na primeira metade dos anos 1.990 que a tradução de O senhor dos anéis que deveria ser lida era a portuguesa pois tinha uma qualidade superior que a tradução vigente no Brasil, que datava dos anos 1.970. Acho que deve ser verdade, já que a Martins Fontes contratou tradutores tão capacitados.

A versão da trilogia dos livros teve sua primeira edição de 1.994 e em 2.009, quando adquiri os livros já estava na 5ª tiragem da 2ª edição, o quê deve ter aumentado bastante, já que desde então é possível comprar os livros por apenas R$ 9,90 – ou R$ 29,00 por um pacote de cinco, somados a este O hobbit e O silmarilion.

A possibilidade da filmagem d'O hobbit deixa novamente alvoroçado as livrarias.

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George R R Martin, mestre em jornalismo, com carreira na TV e considerado o “Tolkien americano” (veja que não escrevi o “novo Tolkien”). Sua literatura de fantasia lembra em muito o cenário geral de Tolkien, ainda que não utilize tanta magia e certamente não abra mão de sexo e violência. Apesar de violento O senhor dos anéis não é explícito e não há menção alguma a sexo, ainda que dê margem a interpretações homossexuais sobre o envolvimento de Frodo e Sam, mas este tipo de margem há em quase toda a obra escrita, basta que queira o leitor. Não encontraram em Batman & Robin?

Mesmo tendo credenciais Martin só ganhou agora uma versão para o português do Brasil dos dois primeiros volumes de suas Crônicas de Gelo & Fogo e não teve a mesma atenção na tradução. Não é possível separar a publicação da obra no Brasil da exibição da série na TV. Se ele está sendo e será publicada por terras tupiniquins agradece à HBO.

A editora Leya comprou a tradução da editora portuguesa Saída de Emergência – um selo lusitano de ficção e fantasia – de Jorge Candeias. O próprio Candeias admite que era pouco experiente quando fez a tradução e que se tivesse sido consultado para uma revisão poderia ter corrigido muitos erros. Quando vi a reclamação de Candeias percebi que o copyright (c) certamente pertence à Editora Saída de Emergência que o vendeu à Leya (e como esta é parte de um conglomerado europeu, fica fácil imaginar que a própria Saída pertença à mesma editora).

O que não se lê é a editora portuguesa contratou um profissional de início de carreira (e nem por isso ruim), possivelmente por ter preço mais em conta e ainda vendeu a tradução, sem dar a ele a opção de rever a tradução e ganhar um pouco mais.

A melhor parte da história é que os tradutores do O senhor dos anéis estão processando a Martins Fontes sob alegação de falta de pagamento de copyright e a editora se defende – assim como o mercado que tratou de apoiá-la de imediato, com medo do resultado – com a justificativa de que contratou um trabalho e que tradução não gera dividendos de copyright (c).

Se a moda pega...

[Atualizado em 19/08/2011]
A nota foi baseado no link http://portaldacomunicacao.uol.com.br/graficas-livros/14/artigo204467-1.asp da revista Negócios da Comunicação #14, mas fui informado via perfil do Facebook que " [venho] informar, em nome da Editora Martins Fontes, que há mais de 5 anos a editora entrou em acordo com os tradutores das obras citadas e não há nenhum processo em andamento". Nota dada, recado entregue, post atualizado... seguimos a procissão.
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