Certamente ninguém que leu se esqueceu do longo período de Walt Simonson à frente da série The Mighty Thor. Ironicamente ambos eclipsaram-se, Thor teve bons autores, mas nenhum como Simonson, e por sua vez o artista teve bons personagens, mas nunca mais produziu algo tão bom quanto Thor. Chegou mesmo a produzir no início dos anos 2.000 um desdobramento de Novos Deuses, a série Orion, que, elogiada pela crítica, foi cancelada por baixas vendas.
Simonson descartou a figura de Donald Blake e criou Bill Raio Beta, mas ao contrário dos autores atuais não fez grandes mudanças de casting na série – hoje um autor chega a uma série e temos duas dúzias de personagens novos. Ao contrário, em termos genéricos enveredou-se pela mesma fórmula de grande batalha no Reino Místico, mas o fez com maestria. Retornou com vários personagens e recontextualizou outros como Balder e Executor, tornando-os mais interessantes. Seu primeiro ano de produção é o arco “A saga de Surtur”, onde o deus das chamas faz um novo ataque à Asgard, que vitimaria Odin.
Apesar de um afastamento de Thor de Midgard e com tramas que recriavam os mitos nórdicos – sim, mais uma vez, mas aviso-lhe, com excelência e contemporaneidade – o deus esteve ligado a eventos dos títulos mutantes como A queda dos mutantes em função da esposa de Simonson, Louise ser editora destes títulos. Este mesmo motivo pôs o personagem em contato com o improvável Power Pack – Quarteto Futuro, por aqui. Afastando-se da arte da série pois faria o traço para o título mutante X-Factor, Simonson pede o traço enxuto de Sal Buscema, uma das clássicas referências visuais da Marvel, tendo já trabalhado com quase dos os personagens da editora. Para se conhecer Sal é essencial este período em Thor e toda a fase em Spectacular Spider-Man com JM DeMatteis nos anos 1.990.
Alquebrado por uma maldição de Hela, deusa da Morte e rainha do submundo espiritual nórdico, Thor deixa a barba crescer e começa a usar um exo-esqueleto para conter seu corpo e mais uma vez Simonson nos ensina a usar o espaço para os coadjuvantes de forma adequada, além de se apropriar dos mitos produzindo algo que permanece na memória dos leitores.O que iria virar um tiro no pé dos autores seguintes que nunca produziram algo de qualidade semelhante como o personagem nos últimos 20 anos!