Enquanto as cine-séries de Homem-Aranha e X-Men (Fox/Marvel Comics) e Superman (Warner/DC Comics) estão se reestruturando em estágios diferentes de produção, a Marvel prepara suas primeiras produções após a compra pela Disney. Temendo perder os direitos adquiridos a Fox estuda reiniciar também as séries do Quarteto Fantástico e Demolidor.
Com o sucesso recente da fantasia mitológica a editora-produtora investiu em Thor, um personagem que jamais imaginei que veria no cinema. Tudo bem... jamais imaginei que veria o Homem de Ferro também.
Thor é um deus nórdico. Em inglês o dia de quinta-feira é em sua homenagem (“thursday”, algo como o dia de Thor). Neil Gaiman em “Deuses Americanos” explora a homenagem a Thor e Odin nos dias da semana para apresentar um dos personagem, numa frase assim (falo de memória): “Meu nome? Bem, hoje é o dia de meu filho, se você ontem seria meu dia.”
O personagem estreou na série “Journey into the mystery” da Marvel e sua história geral era do deus preso num corpo frágil – o médico manco Donald Blake – para aprender a humildade. Durante a primeira fase Stan Lee & Jack Kirby se apropriaram de lendas de mitológicas dos povos e as reconstroem no universo pseudo-nórdico da série. Isto também não impede a pseudo-tecnologia do universo Marvel e a presença de personagens cósmicos como Ego, o planeta vivo, Galactus, os Errantes e Registrador. Anos depois, após algumas aventuras que emulam o Ragnarok – o fim dos tempos para os nórdicos – Kirby afasta-se da série que há muito tinha alterado o nome original para “The Mighty Thor” - O poderoso Thor.
Como quase todas as criações de Kirby, Thor o assombraria eternamente. O épico Novos Deuses (New Gods, DC Comics, 1971) foi criado como uma continuidade narrativa pós-Ragnarok. Os velhos deuses morrem e surgem novos. Já em Eternos (Eternals, Marvel Comics, 1976) o autor altera o tom da obra, inicialmente inspirada em Eram os deuses astronautas?, e que muitas vezes lembrava as tramas de Novos Deuses, para a fantasia mitológica e apropria-se visualmente de Thor e Loki, criando ou aproximando personagens às características visuais deles.
Thor continuou uma trajetória rica nos quadrinhos, sendo a maior parte do tempo orientado por Roy Thomas e John Buscema. Seria com Thomas, já no final dos anos 1.970 que Walt Simonson trabalharia com o personagem a primeira vez. Por respeito à obra e influencia de Kirby, seria com Thomas e em The Mighty Thor que haveria a conclusão das tramas iniciadas em Eternos – a série que passava à margem do universo Marvel passou a fazer parte da cronologia oficial da editora e recebeu um fim.