Continuando a minha listagem das 10 mais da década
3) Demolidor de Brian Michael Bendis, Alex Maleev & vários – Demolidor é Matthew Murdock!
Com base nesta idéia simples, Bendis mantêm quatro anos de produção de uma série em quadrinhos cheia de experimentações narrativas, como por exemplo, o primeiro arco que não tem narrativa linear.
A grande sacada é o conflito de Murdock, que não admite que é o herói e processa o jornal que divulgou a notícia, mas tem sua vida exposta e esmiuçada – diferente então dos acontecimentos da primeira vez que exploraram esta linha narrativa.
Bendis cria uma narrativa que sempre põe o Demolidor em xeque e utiliza bem senões que ele havia introduzido na série “Alias” como closes, balões de textos longos, repetições de imagens. Algumas edições são paradas, outras têm uma tensão digna de tribunal – sendo que várias passam em um – e para surpresa de todos o escritor usa e abusa inteligentemente de coadjuvantes. Elektra, Mercenário, Foggy Nelson, Ben Urich somados ao Homem Aranha, Tigre Branco e outros tornam o caldo interessante e adequado.
Nos EUA acabou de receber a primeira (de duas) edições “Omnibus” com todo o material. Foi publicada integralmente no Brasil nas séries “Demolidor & Hulk” e “Demolidor, o homem sem medo” ambas da Panini Comics, e merecem uma série de encadernados que valorizem a obra.
Demolidor é o meu personagem preferido da década. Desde que foi relançado pelo selo Marvel Knights em 1.998 as histórias funcionam bem. Kevin Smith, Bendis e atualmente Ed Brubaker só acertam, ainda que existam realmente arcos menores e alguns escritores substitutos lamentáveis. Porém ao fazer a contabilidade geral, a série continua no lucro, e alguns especiais são muito bons – como o publicado em Demolidor Anual #01 da Panini Comics, uma história excepcional.
Pela primeira vez na indústria houve uma transição inteligente entre autores. Bendis passou a bola para Brubaker e perguntou como gostaria que o personagem estivesse, o novo autor respondeu, assumiu a série e tem uma narrativa tão genial e em alguns momentos superior ao período de Bendis.
Vale a pena ler e reler.