Como assassinar a Terra

O atual modelo de eventos anuais longos iniciado pela Marvel Comics e assumido como referência pela DC Comics, produz uma edição Crise Final #06 (Panini Comics, dez/2009) morna.

Há pouco para se fazer na véspera da conclusão da série e com um escritor normal seria apenas brigas intermináveis.

Parte da edição é assim.

O planeta Terra está dominado pela Equação Anti-Vida. Existem focos de sobreviventes em vários lugares, mas as referências da série são o satélite geo-estacionário (adoro esta expressão) da Liga da Justiça, o apartamento da esposa de Barry Allen e a fortaleza do Xeque-Mate. Vários eventos ocorrem nestes lugares.

Na Terra continua a luta entre facções. A longa luta entre Supergirl e Mary Marvel – na verdade, versões da mesma personagem – continua. Malhado (um tigre falante da cronologia do Capitão Marvel) enfrenta o reencarnado Kalibak – desde o número anterior Kalibak está encarnado em um corpo híbrido de tigre e homem, numa claríssima e até explícita referência à série Kamandi, também de Jack Kirby.

Com tantas referências visuais, seja nos híbridos, seja no formato dos escombros, seja na mitificação da obra de Jack Kirby, em alguns momentos fica claro que está surgindo a “Terra-K” ou a “Terra-86” pré Crise (era 86 por que um acidente nuclear iria acontecer no futuro ano de 1.986 e a partir daí mudaria o aspecto da Terra). No Universo DC pós 52 as Terras de referência para Kamandi são a Terra-17 e Terra-51, ambas com pouca variação.

Para mim não há problema, exceto que isto já tinha sido exaustivamente tratado em “Contagem Regressiva para a Crise Final”. Como a série “Contagem Regressiva” é considerada um dos piores materiais da década, Morrison acerta em estender os eventos e refazer parte.

Mas o foco da edição é o rápido conflito entre Batman e Darkseid.


O novo deus do mal está encarnado no corpo do Detetive Turpin. O homem morcego vindo de sua própria trama ligada à Crise Final entra cambaleando e ameaça Darkseid com a bala que matou Orion.

Quebrando seu juramento de não utilizar armas, Batman alveja o senhor de Apokolips que envia os raios ômega para destruir o homem morcego.

Há todo um simbolismo desnecessário na cena.

Ciente que rompeu com seu juramento Batman se entrega aos raios ômega e aceita seu destino final.

Bobagem!

Em edições de Superman/Batman o cavaleiro das trevas tinha se desviado dos raios.

Para criar uma expectativa no leitor, os raios, que normalmente destroem o corpo reduzindo-o às cinzas, agora tem um efeito diverso: ressecam o corpo de Batman, permitindo que o Superman o mostre à comunidade dos super-heróis.

Isso é um aviso: Um herói de primeiro escalão tombou! Darkseid tem que morrer!


Conclui na próxima edição. Um aviso: não é essencial para a compreensão, não ajuda em nada, mas diverte muito, por isso comprem “Superman ao Infinito” a sexta edição de Crise Final Especial, que deve chegar nas bancas na semana anterior à Crise Final #07. Vale a pena, é escrita por Grant Morrison, o autor de “Crise Final” e também da melhor série do Superman da década “Grandes Astros: Superman”.


Detetive Turpin
é uma criação de Jack Kirby na série “New Gods” durante a “Saga do Quarto Mundo”. Em 1.987, John Byrne se apropriou dele e o utilizou como personagem coadjuvante da Capitã Sawyer. Sem perceber que a Capitã era lésbica, Turpin a pediu em casamento, o quê foi negado, mas nunca comprometeu a eficiência de seu trabalho. Esteve presente em várias séries que davam atenção à Unidade de Crimes Especiais de Metropolis. Na série animada do Superman, criada por Bruce Timm, Turpin tinha visualmente o aspecto de Jack Kirby e tomba num mano a mano com Darkseid!

Em Crise Final seu corpo serviu de receptáculo para o regente de Apokolips, mas a trama sugere rejeição.