Star Trek (2009) me impressionou pela história cheia de agitação, emoção, sedução e citações.
Assim, resolvi ver se os filmes anteriores eram tudo que me lembrava.
Preferi, de imediato, assistir apenas aos filmes com a equipe original, não por simpatia à Kirk, Spock & McCoy, três canastrões, mas por causa da revisão feita no filme de JJ Abrams.
Não quis ver “Jornada nas Estrelas, o filme” por ser lento e ter boas lembranças dele. Era um projeto para uma nova série de TV que virou um filme. Tornou-se sonolento e enfadonho.
Não quis também ver o quinto episódio “A fronteira final” dirigido por Shattner. Existe uma lenda que os episódios ímpares são ruins e os pares bons. A exceção à regra, como não poderia deixar de existir, é o terceira filme, ímpar e bom. O quinto é a confirmação da regra.
Assisti então, em um quase único fôlego, o segundo “A ira de Khan”, o terceiro, “À procura de Spock”, o quarto “De volta para casa” e o sexto “A terra desconhecida”.
Os quatro filmes são excelentes, um produto de uma época e de uma devoção à uma série de TV única por sua simplicidade e seus atores charlatões.
Os filmes, com história ora de Harve Bennett, ora de Leonard Nimoy (ator que interpreta Spock e dirigiu os episódios 3 e 4, além de ser co-autor da história original do 6º) se completam.
A história começa com Spock como capitão e Kirk como almirante, e uma arma de renascimento ou destruição em massa de um mundo – depende do usuário – sendo capturada pelo inimigo. Spock morre, se sacrificando para salvar uma nave.
Na seqüência óbvia, descobrimos que o katra de Spock foi deixado em McCoy e que o corpo foi regenerado pelo efeito Genesis. Há aqui o roubo da Enterprise pela tripulação. A Frota não queria permitir o resgate de Spock e aposentava a nave em favor da USS Excelsior. Temos o Comandante Kruge que mata o filho de Kirk, David e tenta se apoderar da arma. E finalmente a união de katra e corpo em Vulcan.
De posse de uma “Ave de rapina” Klingon a equipe da Enterprise volta para a Terra para encontrar o planeta sob estado de sítio graças à uma sonda alienígena. Retornam ao passado para resgatarem baleias e finalmente serem julgados pelos atos do filme anterior. Kirk é rebaixado de Almirante para Capitão e ao final do filme surge a nova Enterprise, com ele no comando.
O sexto episódio “A terra desconhecida”, cujo título se refere a um novo status entre Klingons e a Frota Estelar, a paz, é uma grata surpresa. Kirk e a tripulação – sem Sulu, já capitão da Excelsior e com várias participações na trama – tentam a contragosto costurar um acordo de paz entre a raça alienígena e a organização que representam, com insatisfeitos tanto na Terra, quanto em Vulcan, quanto no Mundo Imperial Klingon.
Aqui os personagens estariam próximos da aposentadoria, e McCoy inclusive, espera a sua para daqui a três meses!
Os filmes, hoje bastante simplistas em efeitos especiais, se sustentam na simpatia do público pela série de TV e pelos atores.
Algumas tramas são profundamente baseadas em conceitos da série (“A ira de Khan”), outras em modas recentes, como proteção a animais em risco de extinção (“De volta para casa”). No final (“A terra desconhecida”), o conflito entre EUA e URSS é pouco lembrado, mas bastante adequado.
Sucateado, o Império Klingon (ou a URSS), nada tem mais a fazer do que ceder, colocar o rabo entre as pernas e aceitar a Frota. Ainda assim, como a URSS, existem alguns descontentes que visão um brilho imperial há muito perdido.
Uma pena que dos quatro filmes seguintes, mesmo com uma equipe com histórico melhor construído, só se salva realmente “Primeiro Contato”, o oitavo filme, em que a equipe volta no tempo para impedir um ataque Borg – mostrando assim, que os três filmes que tratam de viagem no tempo são bem aceitos pelo público.