Sargento Rock: A profecia


Fazer resenha de Sargento Rock: A profecia é um assunto espinhoso para qualquer um.

Do ponto de vista de qualidade de arte é uma graphic novel excepcional, feita por um dos criadores do personagem para comemorar 50 anos de aniversário!

Quantos criadores podem se dar ao luxo de retornarem ao personagem cinquenta anos depois e ainda fazer um auê na indústria?

A narrativa é excepcional, o enquadramento é único como somente um mestre como Joe Kubert poderia fazer, mas a coisa termina aí.

O princípio de "A profecia" é o mesmo de "O resgate do soldado Ryan", e as coincidências são várias. Ambas as tramas são baseadas em fatos reais, e como no filme de Steven Spielberg, os soldados da Companhia Moleza tem que resgatar alguém, aqui para levar de um ponto para outro em segurança.

Excelente para funcionar como quadrinho denúncia, como a obra anterior de Kubert ("Fax from Sarajevo"), já que se vê o assassínio dos judeus ainda no decorrer da 2ª Grande Guerra (os campos de concentração só tiveram sua existência confirmada após o fim da guerra) e mostrar que os russos tratavam os judeus de uma maneira não muito diferente dos nazistas, a obra esquece que o transporte de um homem místico (o tal Profecia do título) para dar um fim à guerra não é exatamente um argumento novo. Mesmo trabalhado por um mestre...

Na verdade o problema nos quadrinhos é esquecer que existem outras mídias e que muitas narrativas semelhantes já foram feitas nestas outras formas de se ver o mundo.

Fechado no mundinho nerd dos quadrinhos "A profecia" é um contundente obra de denúncia.

Comparado às outras mídias é apenas uma obra de deseja se aproveitar de datas marcantes (o aniversário de um personagem, e as comemorações tanto do fim da guerra, em 2.005, já que foi publicada nos EUA em 2.006, quanto dos setenta anos do início, agora em 2.009, quando foi publicada no Brasil) para catapultar suas vendas. E nem mesmo se aprofunda nas tais denúncias...

Ainda assim é uma obra acima da média e merece estar na coleção.