Grande parte do lucro do cinema vem do lançamento de novas mídias o quê obriga o fã a comprar o filme em um formato que ficará mais eterno. O fã compra fita cassete VHS, depois CD-LV, depois DVD e agora Blue Ray. Já os que gostam de músicas compram LP’s, fitas cassete, CD, DAT e por aí vai. O cd para a música e o dvd para o filme parecem formatos adequados --- até que surja algum mais qualificado.
O foco que quero dar neste momento é o lucro que as produtores tem em vender seu produto, teoricamente já pago na exibição em cinema no ano de seu lançamento em outras mídias. Se um Batman Cavaleiro das Trevas fez US$ 1 bi em cinema, imagine na soma de dvd + blue Ray + tv por assinatura + tv aberta.
As editoras de quadrinhos percebem este apelo de se reeditar seu produto em uma nova roupagem. O encadernado é uma constante nos EUA e há recordes impressionantes como as 500 mil cópias de “V de Vingança”. Lá qualquer história que obedeça ao formato “arco” volta meses depois em um encadernado. Nem sempre se vale a pena, já que mesmo em fascículos muitas histórias já não era grande coisa.
Para dar opção aos leitores há ainda as versões capa mole (softcover, com capa de cartão) ou capa dura (hardcover, com capa mais resistente). No Brasil não há uma grande tendência de se oferecer as duas, mas “Batman – Silêncio”, “Liga da Justiça/Vingadores” e recentemente, “Watchmen” tem opções. De modo a valorizar suas histórias tanto a Marvel Comics, quanto a DC criaram séries especializadas em republicar histórias clássicas em ordem seqüencial, sem cortes e com tratamento de separação de cores. Na Marvel chama-se “Masterworks” e na DC, “Archives”. A Dark Horse também usa o termo Archives para suas séries de reedições em capa dura.
Com os anos, esta séries que surgiram na Marvel e DC no final dos anos 1980 se tornou grande demais para começar agora – a Legião dos Super-Heróis tem 11 Archives! – e as editoras procuram paliativos. A Marvel se apropriou dos termos Essential – séries em preto e branco com 500 páginas -, Omnibus – séries em capa dura e formato ligeiramente maior e trazendo mais páginas que os Masterworks – e Visionnaries – séries com capa mole dedicadas a uma fase de um autor, geralmente traduzidos no Brasil como “Os maiores clássicos”. A DC que também tem o Omnibus, também tem uma coleção para séries em preto & branco – DC Comics Presents – e o formato Absolute que é descrito como “um dvd com extra para os quadrinhos”, ou seja, a história, normalmente o roteiro de ao menos uma edição, esborços, estudos, etc. A Marvel também adotou o formato. No Brasil “Liga da Justiça/Vingadores”, “Batman – Silêncio”, “Watchmen”, “Batman – O longo dia das bruxas” e “Supremos” foram baseados nos Absolutes respectivos originais.
No caso da Marvel, que teve um período de excelência sem paralelo entre 1979-1987, a Panini publicou muitos encadernados memoráveis como Os maiores clássicos do Demolidor de Frank Miller volume 1 a 4, Os maiores clássicos d’O Poderoso Thor de Walt Simoson volume 1 a 3, Os maiores clássicos do Quarteto Fantástico de John Byrne volume 1 a 3, assim como “Os maiores clássicos” de diversas fases de X-Men, Hulk, Homem de Ferro e Homem Aranha. Destes, só o Aranha ainda não recebeu um que realmente cubra um grande período contínuo de um autor – apesar dos fãs de Steve Ditko e de John Romita Sr., gostaria muito de ver a fase de Roger Stern/John Romita Jr, os dois primeiros sei que verei em alguma Biblioteca Marvel.
A DC, como sempre, está mais tímida. A série “Grandes Clássicos” foi cancelada e substituída por lançamentos eventuais – sendo “A saga das Trevas Eternas” e “Crepúsculo Esmeralda”, alguns deles. Neal Adams, grande artista americano, tem ganhado espaço e já teve obras com sua arte para o Batman, o Superman e o Universo DC. A DC também teve três séries sobre os 70 anos, uma com o Universo DC, outra com Superman e a atual, com escolha bem chinfrim, com histórias do Batman, quase todas baseadas na série americana em capa dura “The Greatest Stories Ever Told”.
Nos EUA, além da DC que publica uma biblioteca das histórias originais do Spirit (e não as redesenhadas por Eisner nos anos 1970/1980), temos um grande trabalho da Dark Horse que comprou as histórias de Star Wars e de Conan (Conan, o bárbaro e Espada Selvagem) da Marvel e Tarzan da DC e está reeditando – a série de Tarzan de Joe Kubert em capa dura. A Dark Horse ampliou o trabalho para outros personagens, mas ainda não tem penetração no Brasil. Na verdade, a própria política de editar encadernados é recente por aqui e começou com a Panini Comics, desde que assumiu o mercado. Sim, é verdade, a Abril Jovem publicava encadernados mas em geral em revistas almanaques ou coleção de revistas que não foram vendidas.
As editoras menores como Devir e HqManiacs trabalham em cima dos encadernados originais, de modo a se aproximarem do formato “livro” e assim ter maior aceitação no mercado.