Reli “A última colônia” para reingressar nas Forças Coloniais de Defesa e encarar a segunda trilogia publicada há pouco pela Editora Aleph. Na verdade não há uma “segunda trilogia” porque os livros são coletâneas de contos e uma versão ampliada de parte dos eventos de “A última colônia”, mas é bom para o marketing que seja referido assim. Tecnicamente em uma possível série de TV é capaz de os produtores usarem este material para enriquecer as tramas paralelas.
Não sou isento para julgar os escritos de Scalzi: gosto muito dos diálogos que ele cria e as situações ainda que, eventualmente o resultado final não seja revolucionário – o romance sobre os “kaiju” foi algo… esquecível.
Mas quem quer revolução, não é?
Nossos velhos conhecidos, John Perry e Jane Sagan estão “aposentados” cuidado de uma colônia menor, sendo o ombudsman e agente da lei, respectivamente. Lá estão Zoë, que adotaram ao final do volume anterior, e o par de obins que cuidam dela, visto que esta raça artificial a adora como uma deusa viva.
Então nossos velhos combatentes são convocados para organizarem o primeiro assentamento em uma nova colônia chamada “Roanoke”, que faz alusão à colônia inglesa “original” na América – vide “A tempestade do século” (série de TV escrita originalmente para a TV por Stephen King), “Os Sete Soldados” de Grant Morrison (saga da DC Comics), “It, a coisa” (livro de Stephen King onde a cidade fictícia de Derry é basicamente uma alusão a Roanoke), “MK 1602” (quadrinho da Marvel Comics escrito por Neil Gaiman) e dezenas de citações menores.
John e Jane aceitam a missão mas estranham que haja uma concentração de menonitas e muitos materiais para cultivo de forma não tecnológica. E então, o quê os leitores desconfiam ocorre: eles são abandonados na nova colônia, que não é o planeta que eles visitaram com antecedência e proibidos de usarem tecnologia rastreável pois uma organização adversária chamada “O Conclave” criou um édito em que não deve haver novas colônias. E ninguém se preocupou em relatar isto para o pessoal em Roanoke.
O problema se desdobra em dois. O primeiro é “simples”: O planeta é habitado por uma raça feroz e disposta a atacá-los. O segundo é: Quanto tempo estarão abaixo do radar desta organização e qual a agenda dela?
“A última colônia” fala muito sobre escolhas e como elas são retiradas se nós. Sim, o problema da imigração e do imigrante estão lá, mas são tratados de forma secundária. O conflito entre os colonos e a espécie nativa de Roanoke não é tratado a contento, parece-me simplesmente abandonado em prol de um problema ainda maior.
Leitores perceberão as críticas que Scalzi faz aos governos e aos militares e seus planos de usar populações civis como isca, alvo ou mártir, mas realmente o autor pesou pouco a mão. Refletindo um pouco, ele critica pouco estas ações ainda que fique claro que os personagens principais da trama desaprovam as manipulações.
“A
última colônia” é uma excelente fim para a trama de Perry &
Sagan, mas como o próprio autor diz, fica claro que um dia ele
retomará o universo das Forças Coloniais de Defesa e com mais do
que vários contos. Penso seriamente que o material intitulado "segunda trilogia" ainda não é a palavra final de Scalzi para este universo, mesmo que, no momento, eu não a tenha lido ainda.
Divertido, mas indicado para os leitores que leram os volumes anteriores.