[Trama]
Após
a destruição e a fuga da prisão onde habitaram por uma temporada,
Rick Grimmes e seu filho, Carl tornam-se
errantes, mas reencontram os sobreviventes do grupo, primeiro
Michone, depois Gleen, Maggie, Dale,
Andrea, Ben, Billy e Sophia, estes que haviam
retornado fazenda da família de Hershell.
Pouco
depois chega à fazenda o Sargento Abraham Ford acompanhado de
Rosita Espinosa e pelo doutor Eugene Porter em missão
para ir à Washington, pois lá haveria a chance de concertar
toda a bagunça provocada pela praga!
[Opinião]
Aqui
permanecemos foi publicado no Brasil em junho de 2012, então
após a segunda temporada da série de TV. O encadernado trata de
assuntos após as tramas da prisão e Woodbury. A segunda temporada
exibida entre 2011/2012 tratou basicamente da Fazenda de Hershell e
não tocou no assunto da prisão ou Woodbury. A trama da prisão foi
apresentada na série na temporada 3 e Woodbury introduzida na 3ª,
mas desenvolvida na quarta e quinta temporadas.
A
edição reúne The Walking Dead #49-54 e A história de
Michonne (Playboy, abril de 2012) e é possível ver uma
ruptura entre o formato de encadernados da Image/HqM
Editora e a trama. O encadernado anterior termina a história da
prisão, mas as edições #49-51 são extensões deste período, um
posfácio. Nestas três histórias Carl amadurece e percebe que seu
pai não é infalível, ao mesmo tempo em que Rick tem uma
convalescença fruto de uma bala durante o ataque à prisão – um
truque é não usar o ex-policial na capa da série mensal, criando
uma expectativa sobre ele estar ou não vivo.
Há
espaço para a loucura de Rick provocada pela solidão e perdas
recentes, assim como pelas suas responsabilidades diante destas
perdas. Ele conversando com um telefone mudo e levando o aparelho
consigo me lembra em muito um filme com Whoopie Goldberg
chamado O telefone, praticamente uma peça de teatro filmada e
também praticamente um monólogo. Vale a pena conhecer para comparar
a dor da perda em ambos os casos.
A
edição seguinte (#52) mostra o reencontro com os amigos e as
edições finais do encadernado (#53-54) inserem alguns
conceitos como horda e a possibilidade da praga ter origem em
uma tentativa de criar um vírus genético específico para
determinada etnia. Vale ressaltar que Os mortos-vivos nunca
foi sobre o quê motivou a praga e, então, estranha-se de imediato
quando um cientista diz ter se envolvido com um experimento e que
chegando em Washington ele poderá auxiliar a resolver a situação.
Mas já que a longa trama de Woodbury tinha tomado um grande espaço
na série, era pouco provável que imediatamente Kirkman os levasse a
uma outra comunidade de sobreviventes com características
semelhantes. Ainda assim, mesmo um corpo estranho na trama, faz
sentido em uma narrativa. Uma missão deixa o grupo coeso e com um
objetivo. Agora é chegar em Washington e lá encontrar os resquícios
de uma civilização. De lá reconstruir o mundo.
Porém
desde o primeiro momento o leitor sabe que a pílula não é tão
suave.
A
introdução de Abraham e seu foco militar e o distanciamento de Rick
das decisões tornam a série crível novamente. Rick é falível e
certamente poderia ser qualquer um. Agora o grupo decide em um
coletivo, com o passar das edições Abraham ocuparia um lugar neste
coletivo. Diante do aviso da existência da horda – algo como uma
manada de zumbis seguindo a esmo sons que se propagam e procurando
aplacar sua fome – o grupo decide investir na missão à Washington
e dá adeus definitivo à fazenda. É bem trabalhada a dor da perda
de Maggie.
Como
militar Abraham tem uma função no grupo e faz sentido aceitá-lo,
assim como Eugene. Rosita, no entanto, que entra calada e sai muda, é
o típico personagem que quando morrer nem saberemos quem foi.
Colocar
a história da Playboy americana na edição foi uma sacada, pois ela
tinha saído nos EUA há pouco tempo. Na época a emissora estava
divulgando imagens de Michone, que tornou-se um personagem tão
complexo na TV quanto nos quadrinhos.
De
um modo geral, o volume é um excelente ponto zero para atrair
leitores.
Os
mortos-vivos volume 9: Aqui permanecemos. Texto de Robert
Kirkman, lápis e finais de Charlie Adlard e tons de cinza
Cliff Rathbur. HqM Editora, junho de 2012. ISBN
978-85-998-5949-0.