Eu
sempre penso que quando as séries ganham audiência planetária,
elas perdem algo de si. Doctor Who é a prova disto. Desde
2.010 a série está em um crescendo sem paralelos para o tema, o
formato e o tipo de série.
Muito
da série é ridículo, mas funciona bem em uma narrativa sci-fi,
especialmente quando não
vemos as imagens. Às vezes um vilão ou outro emborrachado
choca pelo esquisito da situação, mas há uma boa dose de
canastrice e o poder da descrença na série. Há episódios com
todos os Doutores que são o quê há de melhor em sci-fi e há
episódios, também com todos os Doutores que pensamos: deu tudo que
tinha para dar!
O
problema da nova temporada (sábado, 23/08/2014) é aprender demais
com a atual safra de filmes americanos e assim explicar demais. Se o
vilão, um complexo robô que está substituindo peças robóticas
por órgãos humanos a milhares de anos, é misterioso ao ponto de
termos mais perguntas que respostas, a condição da regeneração é
exaustivamente explicada.
Peter
Capaldi é o 12º Doctor e a 13ª encarnação do personagem –
há o John Hurt, lembrem-se! Não existe espectador novato que
não saiba que para justificar a troca de atores, os produtores
“matam” e “regeneram” o personagem. Eu, que até este momento
vi as regenerações que levaram ao Quarto Doutor, o War Doctor,
o Nono, o Décimo, o Décimo Primeiro e o Décimo Segundo – apesar
de já ter assistido a episódios com todos os Doutores – achei que
foi a mais demorada explicação.
Clara
Oswald a atual companheira, sendo a Garota Impossível, trabalhou com
todos os Doutores, alguns sem saber, evidentemente. Ela, no entanto,
assistiu a regeneração! Ela viu a mudança e mesmo assim achou que
aquele ser não era o DOUTOR.
Para
piorar vira e mexe o episódio retornava ao tema do estranho que era
renascer em um novo corpo, com novos hábitos. E quando achávamos
que o assunto tinha acabado, torna. E torna. E torna…
[A
trama]
O
novo Doutor e sua companheira, Clara Oswald, aterrissam
na Londres Vitoriana junto com um dinossauro fêmea.
Ficam aos cuidados de Madame Vastra, Jenny e Strax,
enquanto o Doutor passa por um doloroso processo de redescoberta.
Um
ciborgue, que vem matando cidadãos para adquirir peças de reposição
para seus circuitos, mata o dinossauro, mas alguém o põe no caminho
do Doutor e de Clara. Surge uma nova misteriosa personagem, chamada
de Missy. O curioso é que o ciborgue faz o caminho inverso.
Se tradicionalmente o ciborgue é um ser com partes robóticas e o
clássico questionamento de perda da humanidade, aqui há o robô que
recebe parte humanas e passa a ter alguns questionamentos também
humanos.
Com
tanto mistério por que tinham de explicar tanto a regeneração?
Nova
versão do tema, nova abertura – algo de steampunk, novo
figurino, nova TARDIS (externa e internamente) e novo Doutor. Tudo
novo, mas cansa a quantidade de explicações. E como cansa!
Mas
sábado que vem tem mais e já teremos esquecido as explicações.
(Isso significa que explicarão de novo?)