Old man's war
(ISBN 978-0-7653-4827-2, Tor Book, 2005) de John
Scalzi é um daqueles livros que após se conhecer tornam-se
essenciais. A partir de agora não existirá roda de bate bato sobre
livros de ficção em que eu não cite o livro, não esteja ansioso
por sua tradução para o português ou por sua adaptação para a TV
ou cinema (e dado o estágio atual do cinema, preferencialmente para
a TV, como uma série na AMC ou HBO).
O livro é narrado por
John Perry, um homem de setenta e cinco anos, que quando
completa esta idade visita o túmulo da esposa falecida há nove e,
em seguida, se alista na Colony Defense Forces – um novo
significado para CDF. Com isso abandona a vida da Terra e
parte para as estrelas definitivamente.
Sim, a humanidade
alcançou as estrelas, mas passou a disputar novos e raros planetas
habitáveis com outras raças também raramente pacíficas.
Acredita-se que a CDF tem um processo para rejuvenescer os
septuagenários e torná-los ativos, mas ninguém na Terra jamais viu
um membro da Força. Boatos correm sobre o processo, mas são apenas
conjecturas baseadas em deduções.
* * *
Há realmente uma
simbologia. Afinal os homens e mulheres na CDF não são pessoas
cheias de nobres ideais. São seres humanos experientes (e
experiência conta e muito em uma guerra) que ainda não estão
prontos para morrer. Eles tem a opção de viverem em algum asilo
esperando a morte ou cumprir um período de dois anos em que a Colony
Defense tem a opção para estender para mais oito – e eles sempre
usam esta opção. Durante estes dez anos você é da Colony Defense
Forces e se sobreviver, poderá receber uma gleba de terra em algum
lugar no espaço e fincar a bandeira da Terra.
Porém os índices de
perda só no dois primeiros anos são de 75%!
* * *
Divertido, humano e
inteligente, Old man's war é um romance de ficção científica
militar, mas se concentra nas perdas e conquistas das pessoas e não
nas batalhas. Sim, há batalhas. E sim há batalhas emocionantes; mas
grande parte do livro é sobre o processo de adaptação à vida
militar, o indispensável treinamento (com direito a um sargento
irritadiço), a experiência do processo de rejuvenescimento, os
novos desafios, o contato com culturas que tem valores diferentes dos
nossos e várias dezenas de questionamentos éticos, não somente
sobre a ocupação militar, mas também sobre o uso autorizado e não
autorizado de material genético. Qual é o limite? Há limite quando
se trata de uma guerra em que toda a humanidade está envolvida?
Diretamente o livro não
toca no tabu na religião, mas é impossível não comparar a tensão
entre a CDF e raça The Consu com a tensão
entre muçulmanos e cristãos em relação a uma visão extrema sobre
a salvação e o direito ao além; assim como é impossível não
questionar quem são os justos herdeiros dos planetas colonizados, já
que outras raças também tem suas forças coloniais.
É um livro essencial,
que nos oferece uma nova luz para um dos mais tradicionais “ramos”
da ficção científica, a ficção militar.
Leia imediatamente!