1822 é um livro
saboroso, escrito com eficiência e energia própria dos órgãos de
imprensa modernos, especialmente se lembrarmos que Laurentino
Gomes (autor também de 1808) é jornalista de formação
e trabalhou em várias empresas conhecidas do ramo, em especial VEJA.
Isso não impede que o
livro tenha um defeito grave: é feito para o entretenimento de
massas e busca facilitar os tópicos para ser referência em escolas,
por isso, à vezes torna-se uma obra que retrata o fuxico da Corte,
como homossexualidades, romances e temperamentos destemperados. Tudo provado, dando um verniz histórico e documental a algo que não
passa de fuxico. Os capítulos são cuidadosamente construídos de
forma que nunca haja uma discussão por demais teórica e que sejam
acessíveis a todas as classes da atual sociedade brasileira.
Isso não diminui a
obra, que assim como seu antecessor é feita para ser lida de um
fôlego só. A obra anterior já possuía esta característica
narrativa para atrair aos jovens. Outra característica profundamente
jornalística é que os capítulos são extensos perfis dos atores do
rompimento do Brasil com Portugal, como Dom Pedro I, José
Bonifácio e outros. O autor evita a todo custo romancear as
passagens e quando se faz necessário diálogos, utiliza o depoimento
de narradores que estiveram presentes.
Laurentino Gomes ainda
analisa bem a herança deixada por Dom João VI, a escravidão,
a economia, a maçonaria, a Constituição de 1.824 e
especialmente a Guerra da Independência, pouco referida como
tal na literatura brasileira.
O livro, que se
aproxima de 1 milhão de cópias vendidas, narra como e os motivos
para que o príncipe regente do Brasil, Dom Pedro I, deixado por aqui
por seu pai Dom João VI, quando retornou a Portugal, rompeu com a
Coroa Portuguesa e decretou a Independência do Brasil e o faz com
excelência, tornando a história acessível a todos.
É uma leitura
deliciosa, repito, e pelo formato de folhetim não cansa. Merece ser
lido como seu antecessor (1808) e seu ainda inédito sucessor
(1889), que irá completar uma trilogia do autor sobre este
período da História do Brasil.
1822: como um homem
sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudram
D. Pedro a criar o Brasil, um país que tinha tudo para dar errado,
ISBN 978-85-20-2409-9, Laurentino Gomes, Rio de Janeiro, Nova
Fronteira, 2010.