Construir
histórias poderosas é um risco para qualquer autor, afinal depois
delas muitos dirão que o melhor dele foi no passado. Alan Moore
diversas vezes tenta fugir disto e nominalmente diz que o melhor de
sua produção não está no passado – talvez sim, talvez não... -
mas outros autores como Frank Miller parecem viver da memória
de boas passagens, que hoje sabendo da interferência do editor, eu
não mais atribuo somente a ele.
Walter
Simonson é um autor que ficou marcado pela passagem pela revista
The Mighty Thor nos anos 1.980 e apesar de bons momentos em
outras séries (X-Factor. Wolverine & Destrutor: Fusão,
Superman Special, Superman A última deusa de Krypton,
Michael Moorcock's Multiverse, Elric The Making of a
sorcerer, World of Warcraft) não se pode dizer que sua
produção nos anos 1.990/2.000 seja marcante e memorável. Ele não
vive à sombra de Thor, mas nunca mais trabalhou com os medalhões
das grandes empresas de quadrinhos, vivendo em um regime de
semi-aposentadoria.
Orion
foi uma oportunidade para retornar ao estrelato mas não gerou
interesse o suficiente do público para ampliar as vendas e teve vida
breve, durando apenas 25 edições. Cronologicamente é posicionada
após a série Jack Kirby's The Fourth World escrita e
desenhada por John Byrne, que estendeu as tramas para o evento
Genesis, sem muito sucesso. Byrne deixou uma trama em aberto a
pedido de Simonson, onde questionava a paternidade de Orion. Tigra,
mãe do personagem, espalhou a notícia de que Orion não seria filho
de Darkseid, mas de um amante anterior.
Simonson
decidiu concluir esta trama e narra uma nova tentativa de Darkseid
que se apossar da Equação Anti-Vida, atacando novamente a
Terra, o quê leva a Newsboy Legion e Jimmy Olsen a
participarem da história e assistirem a um confronto –
supostamente final – entre pai e filho em Apokolips.
Apesar
deste plot simplório a trama é apenas o início de toda a saga e
prende a atenção do leitor com os traços dinâmicos de Simonson,
que a partir da segunda edição passa a narrar tramas no presente
paralelas à trama central ou no passado assinadas por gente como
Frank Miller, Dave Gibbons, Jon Bogdanove e Klaus
Janson.
O
TP é sinônimo de aventura e de qualidade, mas não funciona
sozinho: é necessário ler toda a série, ou grande parte para
entender que Simonson tinha muito planejado.
Publicado
nos EUA em 1999/2000, exatamente em um momento de passagem da editora
aqui no Brasil, a obra permanece inédita. Por isso não perca a
oportunidade de adquirir os exemplares sempre que for possível.