A trilogia do Sprawl, II: Count Zero
Longe da inovação do
primeiro romance – Neuromancer – Count Zero
(William Gibson, Aleph Editora, ISBN 978-85-7657-050-9,
tradução de Carlos Angelo, 1ª edição maio de 2.008, 1ª
reimpressão novembro de 2.009), a segunda parte da Trilogia do
Sprawl lançado originalmente nos EUA em 1986, peca
excessivamente em ser o "romance do meio", aquele que
depois da apresentação dos personagens no volume anterior, tem que
criar uma situação para um final "bombástico". Por isso
parecer ser um romance de condução: apresenta mais personagens,
resolve uma trama local, mas os conduz para algo maior, à frente.
A história é contada sob a
ótica de três personagens. Turner é um mercenário
responsável por "resgatar" um cientista de uma empresa e o
entregar para outra, mostrando que neste futuro as relações
trabalhistas são sempiternas. Marly Krushkhova é uma agente
de arte com um passado sujo que é contratada por um zilionário para
encontrar um objeto misterioso, quase místico, e Bobby Newmark
– o Count Zero do título – é um cowboy inexperiente que
teve uma experiência de quase morte quando entrou na matrix.
Colando toda esta trama há a aparição de pedaços do código da
matrix que assumem o comportamento de deuses vodu.
Por trás disso tudo: uma
novíssima tecnologia de biochip que interessa às duas corporações
rivais que permeiam a trilogia.
Apesar de toda a trama fazer
sentido ao final, durante a jornada as partes são por demais
desconexas e bastante cinematográficas, como o resgate do cientista
e a viagem para a Sprawl, uma decisão do mercenário que só ganha
sentido quando sabemos tudo que está acontecendo. Toda a trama da
agente de arte também tem um quê de efêmero, deslocado, quase
infantil, afinal uma trama de um zilionário que consede crédito
ilimitado para que se consiga uma "caixa" tem algo que
remete ao desejo infantil de sucesso e de estar com as pessoas
certas.
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