Funcionou e o autor
nunca teve que usar este artifício. The Walking Dead é um
quadrinho de suspense psicológico. O horror não é provocado pelos
mortos-vivos, os zumbis, mas pelos vivos e o quê eles estão
dispostos a fazer para continuar assim.
Em um determinado
momento da série surgiu a figura do Governador, responsável
por um agrupamento de sobreviventes que tinha profundas diferenças
de opinião com Rick Grimmes e seu grupo de sobreviventes.
Este livro é a
história de como Phillip Blake se tornou o déspota de
Woodbury com a alcunha de Governador e como isto afetou dois
amigos e dois parentes, seu irmão Brian e sua filha Penny.
Mas não deixa de ter algumas surpresas na trama.
Escrito por Robert
Kirkman e pelo autor de livros de terror, Jay Bonansinga,
The Walking Dead: A ascensão do governador (Editora
Record, selo Galera Record, 2012, ISBN
978-85-01-09715-6), não é inovador e não dá motivos para
Phillip Blake enlouquecer e tornar-se o quê tornou na série em
quadrinhos. Ele passou pelas mesmas experiências que Rick passou e
não enlouqueceu. Talvez seja este o objetivo do livro, mostrar o quê
Rick poderia vir a ser ou o quê se tornará.
Deve-se ficar claro que
é um livro para capturar os fãs da série, mas também funciona
para a série de TV. Tencionando ter importância para os leitores da
hq, cria ao menos um evento de pode ser lembrado pelos fãs, mas, na
verdade, a trama é uma sucessão de perseguições, erros e acertos.
De leitura fácil e
fonte grande o livro de 360 páginas pode ser facilmente lido em um
final de semana e não incomoda para quem gosta da série em hq: o
mundo está devastado por uma praga zumbificante e um grupo de
sobreviventes luta a todo custo para chegar em Atlanta, onde
supostamente o governo teria um conjunto de abrigos. Decepcionados
com o resultado da primeira busca, criam maneiras para construir uma
comunidade incorporando os seus novos valores.
* * *
O fato de haver um
segundo autor, Jay Bonansinga, pode sugerir várias coisas. Kirkman
pode ter desenvolvido a história como um apêndice da série em
quadrinhos e ele ter trabalhado os diálogos e o roteiro. As
possibilidades são muitas. Mas fica claro que o livro é um Universo
Expandido, termo muito usado quando falamos dos livros, séries e
hq's de Star Wars, e para não afastar os fãs que poderia
torcer a cara com outro autor brincando na caixa de brinquedos de
Kirkman, eles desenvolveram a ideia da parceria na autoria.
De qualquer modo,
olhando para a excelente Supreme Power e suas minisséries
spin-offs de qualidade nem sempre tão interessantes, que fico
imaginando que ao menos não surgiu uma nova série em quadrinhos ou
uma graphic novel para narrar esta aventura.
Da maneira em que se
apresentou – em livro – este desdobramento captura públicos que
nem sempre tem contato com os quadrinhos e ganha em profundidade numa
trama pouco inovadora para quem conhece a série. Por fim o choque da
surpresa final é tão grande que torna tudo muito bom.
Está prometido como uma trilogia.
Está prometido como uma trilogia.
Vale a leitura.