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Ainda continuará a ser publicado material Disney e Maurício de Souza com preços de capas variando entre R$ 1,00 ou R$ 2,00, e mesmo material como Tex, que é mais procurada na revenda do que na banca. Explico: Tex e quase todo o material Bonelli tem grande saída na banca da rodoviária, onde o leitor que algo para ler durante a viagem. Este leitor está disposto a pagar R$ 1,00 ou R$ 2,00 pela revista padrão, e talvez R$ 5,00 ou R$ 6,00 pelos almanaques mais grossos, mas realmente comprar a edição nova por quase R$ 7,00 é improvável.
Mesmo projetos bonitos, como Tex em Cores perdem a razão de ser ao custo final de R$ 24,00.
Assim, em breve teremos os clássicos materiais infantis, mas editoras como Panini, Devir, Conrad e outras apenas publicarão material encadernado com seis a oito histórias e um arco fechado. Será definitivamente o formato e tratamento de livro.
Surgirá uma nova possibilidade de mercado nacional.
Falsa, é claro!
As pessoas não querem ler mais quadrinhos, ou pelos menos não querem pagar para ler quadrinhos.
Acontecerá que algumas séries como o Almanaque Meteoro poderão abocanhar mais do mercado, atingindo, numa metodologia de mercado sem atravessador, mais leitores e mais lucro para o produtor.
Claro que mais lucro para o produtor nacional não quer dizer mais qualidade. Pode significar apenas mais produção, e talvez nenhuma com qualidade suficiente para ser publicada.
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Será, no entanto, as sobras!
Os leitores que ele ou outros iriam atingir serão aqueles que amam os quadrinhos e terão nestes zines a possibilidade de continuar a ter contato com suas revistas. Atingirão, talvez, cinco mil? Duvido, já que nem a edição profissional da Panini com nomes reconhecidos, personagens amados e cores, muitas cores, consegue atingir estes números.
Logo teremos 200 milhões de brasileiros e dois mil leitores-compradores de quadrinhos, o quê dá 0,00001% da população nacional ainda mantendo um hábito, que nos anos 1.970 era orgulhoso e cancelava-se séries com menos de cem mil cópias!
Restará ainda ao leitor comprar o encadernado importado, normalmente mais barato em sítios de grandes varejistas.
Mas saiba que o mesmo está acontecendo com o mercado americano, e certamente daqui a vinte anos deverá haver algo semelhante na própria origem dos quadrinhos, os Estados Unidos da América.
Neste momento teremos uma produção muito semelhante ao mercado franco-belga, com um álbum anual de 48 páginas. Semelhante, não necessariamente igual.
Talvez o quadrinho não sobreviva ao final do século.
Eu, pessimista, já acho que não sobreviverá ao ano 2.050.
Veremos.