por John L. Censullo
Tradução de Ben Santana
Revisão da tradução[1] e comentários de Jamerson Albuquerque Tiossi (jamersontiossi@yahoo.com.br)
O "comic book" americano começou um século atrás, em março de 1897.
O primeiríssimo cartum de jornal em série, chamado de The Yellow Kid (O Garoto Amarelo), foi reunido pela Dillingham Company, reimpresso em forma de revista e distribuído em bancas de jornal.
Pelas próximas décadas, um punhado de reprints similares de tiras de jornal foram publicadas, com pouco impacto. Em 1933, Harry I. Wildenberg e Max C. Gaines, empregados da Eastern Color Printing Co., imprimiram 10.000 cópias de Funnies On Parade, 32 páginas de reprints de jornais dominicais como brindes para a companhia Proctor & Gamble. Gaines convenceu a Eastern Color que ele poderia vender coleções similares para outros anunciantes. Assim nasceu Famous Funnies: A Carnival Of Comics e Century Of Comics.
Em 1934, Gaines tinha certeza que os jovens pagariam $0.10 por tais revistas em quadrinhos. A Eastern Color imprimiu 35.000 cópias de Famous Funnies, Series 1, que esgotaram imediatamente nas bancas. Em maio, a Eastern Color lançou a sua primeira revista em quadrinhos contínua, Famous Funnies #1 (datada de Julho 1934). O palco estava montado.
No outono de 1934, o Major Malcolm Wheeler-Nicholson, que serviu no Exército americano de 1911 a 1924 e mais tarde tornou-se um escritor para as revistas "pulp", percebeu o que estava acontecendo e teve uma idéia. Já que o material de reprint estava se tornando cada vez mais escasso, ele começaria uma companhia e produziria material original para uma revista em quadrinhos! Depois de alugar um escritório em Manhattan, ele começou a recrutar artistas e escritores e foi atrás de financiamento. Ele formou a Nicholson Publication Co., Inc. e produziu a New Fun Comics # 1 (datada de Fevereiro de 1935).
A New Fun começou como uma revista em tamanho tablóide com uma capa colorida e 32 páginas interiores em preto e branco. Por causa das finanças não muito boas do Major, ele não ficava muito no escritório para pagar aos artistas o que tinha sido prometido, levando a muita má vontade e muita mudança na equipe. A única tira digna de nota veio de Cleveland, de dois rapazes chamados Jerry Siegel e Joe Shuster. A tira, que eles assinavam usando os pseudônimos de Legar & Reuths, era chamada Doctor Occult (Doutor Oculto) e estreou em New Fun Comics # 6 (datada de Outubro de 1935). Apesar de ter a intenção de ser mensal, o número 7 não apareceu até três meses mais tarde sob o nome de More Fun Comics. A revista começou a encolher para o que logo seria o tamanho padrão dos comic books. O Major continuou a adicionar cor ao interior, e o número de páginas se estabeleceu em 64.
Não ligando para a falta de sucesso de New Fun, o Major publicou uma segunda revista em 1935. O primeiro número de New Comics (datado de Dezembro de 1935) tinha 80 páginas, mas esse título logo foi reduzido para 64 páginas. Como a New Fun, essa revista oferecia aventura, comédia e aventuras escritas. No número 12, o título foi renomeado para New Adventure Comics. No número 32, o título veio a ser chamado de Adventure Comics[2].
No início de 1936, histórias dos primeiros cinco números de New Fun foram reunidos e reimpressos em uma edição única de 48 páginas chamada Big Book Of Fun Comics #1 (Primavera de 1936).
O último título que o Major teve participação, e aquele cujas iniciais daria o nome a linha, foi Detective Comics[3] (datada de Março de 1937), que chegou as bancas no início de 1937. A revista era para ter aparecido três meses antes, em 1936, e tinha a pretensão de ser a primeira a ser dedicada a um único tema, mas foi atrasada e perdeu para a Detective Picture Stories da Comics Magazine Company. O primeiro número da Detective Comics mostrava personagens como Slam Bradley, Speed Saunders, e Cosmo, o Fantasma dos Disfarces.
No fim de 1937 e no início de 1938, mais duas revistas de reprints foram produzidas. New Book Of Comics # 01 (datado de 1937) tinha 96 páginas e reproduzia porções da New Comics #1-4 e da More Fun #9. O segundo número (datado da Primavera de 1938) tinha também 96 páginas e reimprimia partes de More Fun #15-16.
Na primavera de 1938 os débitos do Major o pegaram e a Nicholson Publication Co., Inc. cessou de existir. Harry Donenfeld comprou a companhia e, junto com o seu contador J. S. Liebowitz, lançaram a Detective Comics, Inc.
O Major Malcolm Wheeler-Nicholson voltou a sua antiga carreira de escritor.
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Referências
1. Ron Goulart's Great History Of Comic Books © 1986 by Ron Goulart
2. Comics: The Golden Age - The History Of DC Comics - Fifty Years Of Fantastic Imagination © 1987 by Schuster & Schuster, Inc.
3. Howard Keltner's Index To Golden Age Comic Books © 1976 by Jerry Bails
4. The Steranko History Of Comics, Volume One © 1970 by Jim Steranko
5. The Steranko History Of Comics, Volume Two © 1972 by Jim Steranko
6. The Overstreet Comic Book Price Guide, 28th Edition © 1998 by Gem Publications, Inc.
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[1] Nota da revisão: Ben Santana postou o texto traduzido, e como eu tinha fornecido os originais dignei-me a dar uma releitura e arrumar algumas poucas palavras que poderiam serem substituídas por outras mais adequadas. Foram poucas e o próprio Ben poderia corrigir a sete ou oito palavras, mas a partir daí coloquei o negrito os nomes e números das edições, nos nomes dos autores, personagens, editores e editoras e fiz os comentários e indiquei a edição nacional em que a obra foi publicada quando eu tinha esta informação.
[2] Sendo uma das revistas mais longevas da DC Comics só viria a ser cancelada na década de 1980, no número # 503. Retornou recentemente em 2009, após Crise Final.
[3] Detective Comics, série que ficaria famosa por introduzir o personagem Batman em 1939, no número # 27, é anterior à revista Action Comics, sendo que esta tem atualmente uma numeração maior graças ao formato semanal que durou entre Action Comics # 601 e # 642. Detective Comics durante um período no década de 1970 teve periocidade bimestral.