Criado na cultura dos quadrinhos americanos convivo com marcas fortes e que há muito se renovam constantemente às vezes sem nenhum talento. Hoje, a minha marca editorial preferida nos EUA é a da TOR casa de origem de Guerra do Velho de John Scalzi. A editora tem uma estratégia definida, ainda que não agressiva. É possível ler muito material da TOR sem pagar nenhum centavo e se divertir muito. Com o acumulado pelos anos é possível que você tenha material para meses a fio de leitura e eventualmente ser capturado por algum dos escritos ou dos escritores.
Uma das histórias que me capturaram foi “The deathless bones” de Cassandra Khaw (→ https://www.tor.com/2017/07/26/these-deathless-bones/, Editada por Ellen Dattlow). É uma história curtíssima que apresenta uma ideia simples de uma maneira eficiente. A melhor maneira de resumi-la é usar as palavras que estão no texto de apresentação: “Uma história de horror sobre a Noiva Feiticeira, segunda esposa do Rei, e a discordância entre ela e seu jovem enteado”.
Em seis perfeitas páginas temos um crescendo de sentimentos sobre os personagens envolvidos e somos levados para aquele lugar, ficando a salivar para o fim do conto – um fim à altura dos nossos desejos e uma vontade sincera de pedir “Mais! Mais! Mais!”.
Com isso a editora apresenta para um público maior uma nova autora – não foi a primeira e na semana seguinte a magia se repetiu com outro autor. Infelizmente no Brasil não há fenômeno semelhante. Aqui o mercado vive de DLC de capinhas mas, sejamos sinceros, é isto que está vendendo e esgotando tiragens, enquanto as “novidades” enchem os estoques e permanecem lá. Não sei o porquê de lá funcionar e aqui não, apesar de um mercado com bastante espaço para fantasia e conhecidos números significativos – houve 5º volume de conhecida série de fantasia de teve tiragem de 150 mil exemplares, bem superior, portanto à tiragem de três mil cópias padrão do mercado.
Cassandra não detalha seu universo e poderia fazer qualquer uso dele. Seus personagens são críveis porque agem como nós agiríamos – ou como gostaríamos de agir, é claro. E isso faz com que nos identifiquemos e nos importemos.
Uma excelente oportunidade para conhecer algo novo e bem feito!