Sarcófago: Batman #424: The diplomat's Son

Recentemente quando iniciou Os Novos 52, Batman encontrou um corpo e material genético de Dick Grayson sob as unhas do defunto.

Não me criou nenhum frisson a possibilidade de que Dick Graysson, o primeiro Robin e atualmente o Asa Noturna, pudesse mesmo remotamente ser o assassino.

Mas em Batman #424 (outubro – 1988), a coisa era levemente diferente. O Robin de então era Jason Todd, mas a “segunda versão” de Todd. Explico: Todd foi criado antes de Crise nas Infinitas Terras e nada mais era que um segundo Dick Graysson. Se duvida, veja a clássica história “Para o homem que tem tudo” de Superman Annual #11 de Alan Moore & Dave Gibbons. É Todd, mas poderia muito bem ser Graysson.

Ele existia apenas por que Batman precisava de um Robin, preferencialmente obediente e por que Dick abandonou o uniforme, tornando um “adulto” e assumindo a persona de Asa Noturna na série The New Teen Titans.



Quando foi reintroduzido após a Crise, Todd tornou-se um personagem odiável, rancoroso, desobediente, chato, o que fatalmente o levou à morte em uma famosa saga.

Na aventura desta edição da série americana Batman, escrita por Jim Starlin, com lápis de Mark Bright e finais de Steve Mitchell, Robin salva uma modelo de um espancamento de um hispânico genérico chamado Felipe Garzonas. O rapaz tem imunidade diplomática e é liberto, com uma versão levemente diferente da história, que não há como comprovar qual é a verdadeira.

A dupla dinâmica consegue comprovar a ligação do jovem com tráfico e ele está prestes a ser extraditado, quando por vingança liga para a modelo e a ameaça, levando a frágil garota ao suicídio.

Robin decide ir em busca de respostas com Felipe e surge na sacada do apartamento, onde Garzonas está (pág. 20 da edição #424). Repentinamente, após uma página de propaganda, Felipe surge caindo em painel vertical da página 21.

Batman chega à sacada e segue o seguinte diálogo:

Batman: Robin, what happened?!

Robin encara Batman, depois abaixa a cabeça, claramente envergonhado.

Batman torna a perguntar: Robin, did Felipe fall... or was he pushed?

Robin: I guess I spooked him. He splipped.

A página termina com Batman carrancudo na sacada enquanto Robin sai pendurado numa bat-corda qualquer.

O legal da história e criar uma dúvida legítima sobre o envolvimento de Jason Todd no crime.

Ao final da história há a dúvida. Ela é palpável. Não fica claro o quê realmente aconteceu na sacada e isto é genial por que é mostrado uma possibilidade real de Robin ter falhado com os ideais defendidos pelo homem morcego.

É uma história simples e fechada que consegue delinear bem os personagens, a situação e o comportamento deles.

No mês seguinte teve uma sequência que continuava a tentar mostrar para o público que Todd era um Robin ruim.

É interessante que mostrar Jason Todd como um Robin inadequado para Batman era uma estratégia do editor Denny O'Neil repassado para o excelente escritor Jim Starlin. No fim, quando o pior aconteceu com o garoto, a culpa recaiu apenas sobre os ombros de Starlin.

Uma pena...

(Obrigado Yuga pelas edições)