Não
me criou nenhum frisson a possibilidade de que Dick Graysson,
o primeiro Robin e atualmente o Asa Noturna, pudesse
mesmo remotamente ser o assassino.
Mas
em Batman #424 (outubro – 1988), a coisa era levemente
diferente. O Robin de então era Jason Todd, mas a “segunda
versão” de Todd. Explico: Todd foi criado antes de Crise nas
Infinitas Terras e nada mais era que um segundo Dick Graysson. Se
duvida, veja a clássica história “Para o homem que tem tudo”
de Superman Annual #11 de Alan Moore & Dave Gibbons.
É Todd, mas poderia muito bem ser Graysson.
Ele
existia apenas por que Batman precisava de um Robin,
preferencialmente obediente e por que Dick abandonou o uniforme,
tornando um “adulto” e assumindo a persona de Asa Noturna na
série The New Teen Titans.
Quando foi reintroduzido após a Crise, Todd tornou-se um personagem odiável, rancoroso, desobediente, chato, o que fatalmente o levou à morte em uma famosa saga.
Na
aventura desta edição da série americana Batman, escrita por
Jim Starlin, com lápis de Mark Bright e finais de Steve
Mitchell, Robin salva uma modelo de um espancamento de um
hispânico genérico chamado Felipe Garzonas. O rapaz tem
imunidade diplomática e é liberto, com uma versão levemente
diferente da história, que não há como comprovar qual é a
verdadeira.
A
dupla dinâmica consegue comprovar a ligação do jovem com tráfico
e ele está prestes a ser extraditado, quando por vingança liga para
a modelo e a ameaça, levando a frágil garota ao suicídio.
Robin
decide ir em busca de respostas com Felipe e surge na sacada do
apartamento, onde Garzonas está (pág. 20 da edição #424).
Repentinamente, após uma página de propaganda, Felipe surge caindo
em painel vertical da página 21.
Batman
chega à sacada e segue o seguinte diálogo:
Batman:
Robin, what happened?!
Robin
encara Batman, depois abaixa a cabeça, claramente envergonhado.
Batman
torna a perguntar: Robin, did Felipe fall... or was he pushed?
Robin:
I guess I spooked him. He splipped.
A
página termina com Batman carrancudo na sacada enquanto Robin sai
pendurado numa bat-corda qualquer.
Ao
final da história há a dúvida. Ela é palpável. Não fica claro o
quê realmente aconteceu na sacada e isto é genial por que é
mostrado uma possibilidade real de Robin ter falhado com os ideais
defendidos pelo homem morcego.
É
uma história simples e fechada que consegue delinear bem os
personagens, a situação e o comportamento deles.
No
mês seguinte teve uma sequência que continuava a tentar mostrar
para o público que Todd era um Robin ruim.
É
interessante que mostrar Jason Todd como um Robin inadequado para
Batman era uma estratégia do editor Denny O'Neil repassado
para o excelente escritor Jim Starlin. No fim, quando o pior
aconteceu com o garoto, a culpa recaiu apenas sobre os ombros de
Starlin.
Uma
pena...
(Obrigado
Yuga pelas edições)