Fonte: Folha (aqui)
Texto de Paulo Peixoto
A holding inglesa Diageo, detentora da marca do uísque Johnnie Walker,
abriu processo administrativo no Inpi (Instituto Nacional de Propriedade
Industrial) contra a cachaça João Andante. A Diageo acusa a empresa
mineira de ser "imitação" de sua marca --segundo ela, avaliada em US$
3,5 bilhões.
Mas o processo gerou publicidade para a cachaça e fez suas vendas
dispararem. Nas últimas duas semanas, os pedidos feitos via e-mail já
chegam a mil garrafas. Até então, as vendas eram de apenas 200 garrafas
por mês.
"Os pedidos estão aumentando muito e nós sempre trabalhamos com margem e volume pequenos", disse Gabriel Lana, 25, um dos donos.
A João Andante foi organizada em 2008 por quatro jovens que viam a
atividade mais como um hobby do que propriamente um negócio empresarial.
Cada um deles segue com sua profissão.
O desenho das duas marcas é representado pela figura de um andarilho,
embora de classes sociais distintas: enquanto um é lorde, o outro é um
jeca, ou capiau, conforme o regionalismo mineiro.
"Apesar de ambos os personagens mostrarem algumas distinções, o uso da
expressão 'João Andante', que é a tradução literal de 'Johnnie Walker',
evidencia a intenção de criar uma 'versão local' da marca", argumenta a
holding inglesa por meio do escritório de advocacia Dannemann Siemsen.
Os mineiros negam que o uísque tenha sido a inspiração e sustentam que o
Walker da marca inglesa nada tem a ver com andar ou caminhar --é um
sobrenome.
Afirmam que a ideia é a de um caixeiro-viajante, que é um andarilho,
segundo o escritório de advocacia Hidelbrando Pontes e Associados.