Livros teóricos conseguem ser muito, mas muito chatos.
Felizmente este não é o caso de “A Era de Bronze dos Super-Heróis” de Roberto Guedes (Hq Maniacs, São Paulo, 2008) um livro que torna-se fundamental para compreender todo o panorama daquilo que hoje chamamos de “Era de Bronze”: um período não muito exato na indústria, mas que se modo geral é compreendido entre 1.971-1.986 (tomo como base uma reformulação do Superman até a outra, mas muitos podem divergir).
Foi um período de intensas modificações com Stan Lee & John Romita lentamente afastando do Homem-Aranha, para deixar nas mãos de um jovem Gerry Conway & Gil Kane; a partida de Jack Kirby para a DC Comics para produzir a Saga do Quarto Mundo e posteriormente Kamandi, Etringa e outros personagens; o retorno de Kirby para a Marvel; as fases áureas de Homem de Ferro (Micheline, Layton, Romita Jr.), Homem Aranha (Stern, Romita Jr), Capitão América (Englehart/Buscema e Stern/Byrne), X-Men (Claremont, Byrne), Quarteto Fantástico (Byrne), Novos Titãs (Wolfman, Pérez) e Batman (Englehard, Rogers).
Há, no livro, bastante espaço para personagens novos como Nova e tendências de mercados como séries de terror, de personagens negros, de kung-fu, de versões femininas, cross-overs e o surgimento dos quadrinhos de autor e implantação da distribuição através do Mercado Direto.
O texto de Guedes é ágil, saboroso e praticamente “te obriga” a ler o livro de uma só sentada. È uma excelente obra que ajuda a entender as nuances e enganos do mercado. Uma das coisas mais interessantes é que os relatórios de vendas atrasavam demais e faziam editoras desfazerem equipes pensando que as séries eram fracassos de vendas (como os X-Men de Thomas & Adams) ou os mesmos relatórios, já pontuais, informarem que conceitos não eram bem absorvidos pelo mercado (como os Novos Deuses de Jack Kirby).
Um livro essencial!