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Estamos em 2010 e possivelmente já deve ter pessoas que acompanham as atuais séries de TV e nasceram após o início da série Arquivo X (The X Files), uma série de TV que narrava as aventuras de uma dupla de agentes do FBI numa divisão que investigava casos que não poderiam ser classificados em nenhuma outra. Daí o nome da série “arquivo x”, por que em inglês a letra u (de unknown, desconhecido) do arquivo já estava repleta e a secretária começou a usar a letra disponível seguinte.
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Criada por J J Abrams em 2008 para a Fox, Fringe após os 20 episódios da primeira temporada (e quinze da segunda que ainda não assisti) ainda não disse a que veio e tudo parece uma triste imitação de Arquivo X. Na série original havia uma divisão de investigaria o inexplicável, agentes céticos e crédulos, superior misterioso que às vezes parece estar sendo manipulado, fontes que indicam a cidade ou edifício em que está acontecendo a ação, monstro da semana, a mão nos créditos e logicamente ao final de temporada, ano sim, ano não a divisão era encerrada.
No primeiro episódio da 2ª temporada de Fringe um dos coadjuvantes está assistindo a um episódio de Arquivo X, uma referência nada sutil à origem da série.
Arquivo X durou nove temporadas, mas seu brilho especial está entre a 2ª e 5ª, sendo que a 1ª ajuda bastante a criar as mitologias. Dificilmente você encontrará episódios ruins durante estas temporadas.
Após o primeiro filme, a série perdeu roteiristas criativos e ficou forçada, indo lentamente para a tolice de trocar os agentes principais por substitutos e “matar” um personagem central da trama.
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Foi horrível ver a série “morrer no ar”, mas é só esta expressão que pode definir o quê foi a 7ª, 8ª e 9ª temporadas.
Fringe tem distribuição de personagens semelhante. Há uma agente do FBI cética, a agente Olívia Dunham, que estava enamorada de um espião duplo. Para ter acesso à possibilidades científicas não confirmadas, a ciência da borda (de onde saiu o nome da nome, sendo Fringe uma alusão à borda), ela encontra um cientista Walter Bishop, hoje enlouquecido, que é controlado por seu filho Peter, um bad boy com diplomas falsos, QI alto e disposição para o “good guy” e interesse romântico platônico da heroína.
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Junto a eles um superior, agente especial Broykes, que sempre parece saber mais do que diz; uma auxiliar de laboratório para Walter, a agente Astrid Farnsworth; um companheiro de armas no FBI, Charles Francis; uma dirigente de empresa de tecnologia de ponta – a Massive Dynamic, fundada por William Bell, ex-companheiro de pesquisas de Walter, e uma adição tardia à mitologia da série – a CEO Nina Sharp, que posa em um momento com provável vilã e noutro como trunfo da divisão; uma organização de terrorismo de massa – ZFT, algo como Destruição em Massa através da Tecnologia - e vários cientistas com teorias já testadas de pesquisa genética.
Fringe carece da mesma vitamina que Prison Break e Lost, séries boas, mas sempre conspiratórias demais e nunca se tem a certeza de quem é o vilão. Diferente delas, apesar de já ter duas temporadas, ainda não gerou empatia com o público, que não se importar com os mistérios da série ou com os destinos dos personagens.
Para os que têm a minha idade (35) soma-se a isto o péssimo hábito de lembrar demais uma série de referência na cultura nerd.