Se você perguntar-me qual a melhor história que já li, ouvirá um sonoro “Não sei.” ao mesmo tempo em que irei olhar para o tempo e vasculhar algumas histórias “de referência”.
Chamo de “histórias de referência” histórias que marcaram uma geração e ainda encantam outras. Wolverine de Claremont & Miller, Blood e Moonshadow de J.M. DeMatteis, Cinder & Ash, A saga de Surtur são exemplos.
Boas histórias, mas longe de listas de dez mais.
Tenho mais de 20 mil histórias em quadrinhos em casa. É muito simples “jogar” 80% disto tudo no lixo e chamar de lixo. Mas uma triagem dentro do dispensável mostra muitas histórias agradáveis de serem lidas, ainda que não sejam relevantes para os quadrinhos como mídia.
Afinal qual a relevância das aventuras da série Marvel Comics Presents?
Marvel Comics Presents era uma série quinzenal de antologias da Marvel. Trazia quatro histórias de oito páginas de personagens da editora, geralmente fora de cronologia. A revista era dividida entre dois personagens importantes e dois desconhecidos. Wolverine, antes de ter a sua primeira série era personagem fixo de Marvel Comics Presents. Foi lá que começou aquela fase do “Caolho” com Claremont e John Buscema.
Mas, espere! Foi em Marvel Comics Presents que houve Arma X de Barry Windsor-Smith!
No meio de (talvez) seiscentos histórias de gosto duvidoso estava Arma X!
Arma X não é uma obra-prima, mas certamente é uma história bem narrada.
Responder à pergunta do “melhor” é mais fácil para quem tem pouca experiência.
Qual o melhor filme?
“... e o vento levou”, “Jezebel”, “A marca da maldade”, “Cidadão Kane”, “Blade Runner”, “Laranja Mecânica”, “Clube de Luta”?
Ou ainda os arrasa-quarteirões modernos como a excelente saga épica do “Senhor dos Anéis”?
Quem se candidata a responder?
Normalmente alguém de assistiu a poucos filmes ou leu poucas revistas e livros.
Até por que fica mais fácil responder sem hesitar muito.
Por favor não confunda não saber qual é o melhor por causa da qualidade de algumas coisas que leu, com o fato de não ter opinião.
Eu tenho opinião.
A minha mais interessante sobre o assunto é que toda fase ruim fica menos pior com o passar dos anos. A fase conhecida como “A saga do clone” nas histórias do Aranha não ficaram boas com o passar dos anos, mas como é possível ver um fim, podemos nos concentrar em material razoável perdido nas histórias.
E há! Por exemplo: Bill Sienkiecwz trabalhou meses a fio como finalista de Sal Buscema, produzindo um material de excelente qualidade. A arte era boa e fugia do padrão Image, e era dezenas de vezes melhor que texto.
Um lugar comum é sem dúvida elogiar Alan Moore, Neil Gaiman e Frank Miller como se eles nunca errassem. Falar bem de Sandman é fácil, mas no entanto, Gaiman fez Marvel Knights 1602, e Miller fez “Batman Strikes Again”, peças que depõem contra a excelência pública destes autores. Moore também deve ter feito algo de ruim, eu apenas não li. Mas se quer algo fraco pegue sua fase na WildStorm, em especial seu WildC.A.T.S.
Algumas coisas perdem a importância com a continuidade. A série de Warlock, A saga do infinito, a série do Surfista Prateado, a série de Thanos, são excelentes peças. Mas lidas em continuação parecem repetições.
E não são!
Algumas deterioram. The Uncanny X-Men do número 94 ao 275 é uma continuidade de boas tramas para consumo em massa de super-herói. A partir daí desandou. E muito! Cem edições após a saída de Chris Claremont ele volta e consegue deixar as coisas piores. Diferente do Jim Starlin, que não evoluiu muito na narrativa desde a década de 1970, Claremont conseguiu ficar pior.
O chato é usar (sempre) quadrinhos de dez anos atrás. Sempre.
Às vezes até de vinte!
Watchmen é de 1985, A piada mortal é de 1987, Sandman começou em 1989 e terminou em 1995, Cavaleiro das Trevas é de 1986!
Legião dos Super-Heróis de Levitz & Giffen é de 1982/1984, Camelot 3000 é de 1983!
Isto sem esquecer os belos materiais em série da Marvel. Captain America de Roger Stern & John Byrne (1980), e este fez dupla em The Uncanny X-Men com Chris Claremont, numa fase que beira a concordância de todos sobre a qualidade, isto em 1982!
Frank Miller trabalhou com Demolidor entre 1979/1983, e depois um breve período em 1986!
Então um apelo: leiam quadrinhos novos!
Leiam Os Supremos, Ultimate Spider-Man, The Amazing Spider-Man, Fantastic Four, Gotham Knights (este acabou), GCPD (também acabou), Demolidor, The Astonishing X-Men, Team Titans, Outsiders, SJA!
Leiam agora!
Daqui a cinco anos quando todos estiverem comentado novamente o passado você terá a sensação de ter pertencido a ele.