Não acredito piamente que a única possibilidade de inovação esteja na TV em contraponto ao cinema, que não pode mais arriscar numa nova estética, já que há pesados investimentos que possibilitam a produção de um filme. Alardear que a TV é por si só inovadora é uma bobagem tamanha já que o Big Brother está aí para provar para nós.
Mas é verdade que a TV
tenta ser inovadora. Séries como The Sopranos, Battlestar
Galactica e Game of Thrones conseguem impressionar. Estas
três conseguem.
Claro que episódios
que consomem mais de US$ 3 milhões também necessitam de retorno
financeiro e o ciclo é apenas transferido. A inovação se perde e
novamente há a necessidade de se produzir um material que tenha
aceitação e portanto seja fácil de ser vendido, não somente nas
propagandas, mas também os boxes de temporadas.
Séries longas tem
problemas de negociação de salários e séries que adaptam livros
tem o detalhe de que alguns atores sabem que são fundamentais para a
trama e por isso parcialmente insubstituíveis. Daí os produtores de
Game of Thrones espalharem que irão matar alguém que ainda não
morreu nos livros.
Pioneer One
tenta romper parte do esquema da indústria criando a possibilidade
de financiamento nos espectadores.
A trama
No presente uma nave da
antiga URSS cai no limite entre EUA e Canadá e trás um garoto
dentro. Reunindo uma equipe do FBI para cuidar do caso, cria-se uma
forte suspeita de que a nave seja um retorno à Terra de uma missão
tripulada soviética que foi à Marte! É convocado um
especialista em sobrevivência no planeta vermelho, enquanto o chefe
do escritório local do FBI tenta conseguir tempo para descobrir as
origens do garoto e afastá-lo de uma denúncia de terrorismo em
função do material radiativo da nave.
A série
Disponível em www.pioneerone.tv
a série teve o piloto produzido com apenas US$ 6.000,00 (!) e pede
financiamento aos espectadores através de doações e compra de
material relacionado, como camisas, copos, DVDs. A demora para
conseguir o montante necessário para a produção afastou alguns
atores e nota-se claramente deficiências de iluminação e,
especialmente no primeiro episódio, a câmera treme em vários
momentos. Apesar de alguns defeitos visuais a primeira temporada é
muito interessante pois faz um foco político à questão da corrida
espacial. Termina realmente sem nenhuma solução, mas com apenas
seis episódios de trinta minutos em média, isto não traz nenhum
cansaço à série, ao contrário das longas temporadas de 22
episódios que não chegam a lugar algum.
Os episódios podem ser
baixados no sítio da série ou através de tecnologia torrent.
E lembre-se: Não é pirataria!
As legendas estão
disponíveis em www.legendas.tv.
Há anos temos a
informação da existência de fan-films (filmes produzidos
por fãs) sejam de Jornadas nas Estrelas, seja do Batman
(City of Scars é um bom exemplo). Pioneer One, resgata
todo o clima de séries de sci-fi envolvendo o FBI e é impossível
não relacionar ao produto de Chris Carter The X Files
ou mais recentemente à série Fringe
de JJ Abrahams.
Diferente das séries, Pioneer One não se concentra no amor
platônico entre protagonistas, mas no antagonismo entre mundos do
chefe do escritório local do FBI e um cientista visionário e as
decisões que tomarão diante de uma descoberta que pode revolucionar
a ciência ou se for apenas uma farsa, por em descrédito os
envolvidos.
Enquanto o custo de
produção de uma série de TV já ultrapassa os US$ 2 milhões sem
nenhuma dificuldade, a série se propõe a produzir seus episódios
com US$ 60 mil, utilizando o sistema de doação e venda de material
relacionado. Não é perfeito, mas mostra também que o roteiro tem
que ser inteligente e bem amarrado para manter o público interessado
o suficiente para pagar para assistir ao próximo episódio –
geralmente as doações são de US$ 1,00.
Segundo informações o
episódio de abertura da segunda temporada – que leva o ex-agente e
o cientista à Rússia – já está em processo de finalização.
Altamente indicado para
fãs de séries de “divisões do FBI” que pela quantidade de
séries com este tema, já deveria ganhar uma classificação. Mas
por favor não se esqueça que os produtores não tem recursos e não
vale ficar apontando as deficiências. É diferente falar mal de
Fringe, V, Two and a Half Men, Boardwalk Empire e outras porque os
produtores tem dinheiro e fazem bobagens. Aqui os produtores tem
ideias o que é razoavelmente superior!