Bem vindo a Astro City

Homem muda-se para Astro City com as filhas, após o divórcio, tencionando construir uma nova vida.

Está em dúvida em relação à sua decisão e a cidade não ajuda: confrontos entre Samaritano e vilões científicos ou a ameaça de um deus que teve a esposa raptada não facilitam a sua decisão.

Sutil, Kurt Busiek transforma o rapto da esposa do deus um mero adereço na trama, enquanto alguns roteiristas iriam em busca das motivações para o rapto, o rapto em si, a busca das pistas e o resgate.

Nada disso importa.

O quê importa na história é estar ciente de não podemos controlar tudo. Há coisas que fogem ao nosso controle e só estaremos de bem com a vida se fizermos as pazes com estes fatos e aceitarmos que não temos controle absoluto sobre a vida.

Deliciosa a história publicada originalmente em KURT BUSIEK'S ASTRO CITY volume 2 #01 reapresenta os principais personagens da trama e o tom que a série terá: ressaltar a importância do homem comum ou dos sentimentos comuns que os super-seres tem.

Publicada originalmente pela Homage, um selo da WildStorm de Jim Lee, na época ainda um dos estúdios que formavam a Image Comics, a história foi publicada no Brasil pela Pixel Editora na série Pixel Magazine. Arte de Brent Anderson.


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Sou fã de Kurt Busiek e da série Astro City. Gosto de tudo que Busiek escreveu com maior ou menor intensidade. Marvels, Os Vingadores, Liga da Justiça/Vingadores, Conan, Superman e lamento a série Trindade. Estas obras estão entre minhas releituras preferidas. Mas Astro City tem um lugar especial em meu coração.

Quando escrevo sobre a série evito ressaltar o fato que os heróis do universo de Astro City são releituras dos personagens clássicos de todas as editoras. Busiek trabalhou nos arquétipos e criou mitos que se assemelham aos personagens clássicos que existem no imaginário dos quadrinhos. No entanto, como os personagens de Busiek envelhecem e morrem é difícil dizer que determinado personagem é a “versão Astro City” de outro. No máximo são histórias sobre uma família aventureira, um velocista, uma boneca androide, sobre um homem com grande força física e um ideal inalcançável que se sacrifica diariamente para tornar o mundo melhor ou ainda sobre um vigilante sombrio que aceita a presença de um parceiro mirim.

As histórias são tocantes, o roteiro é envolvente e a cada momento o status qüo se altera. Personagens se aposentam. Um pai percebendo que é mais importante a vida em família do que o combate ao crime repensam suas vidas e abandonam a vigílias.

Astro City não é uma série perfeita, mas exibe o que há que melhor e mais relevante numa série de super-heróis. As soluções mostradas exibem uma maturidade sem par e fazem-nos crer que muito da bobajada que lemos nas majors não tem responsabilidade nenhuma dos autores. É apenas um trabalho contratado para refletir as ideias dos editores ou da empresa.

Longa vida para Astro City!

E espero que a Panini Comics retome a publicação da série. Há pelo menos duas séries longas inéditas: Local Heroes (4 partes) e Dark Ages (4 volumes de 4 partes cada).
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