Longe de imitar o estilo de Alan Moore na clássica história “O quê aconteceu com o homem do amanhã?”, o escritor Neil Gaiman e o desenhista Andy Kubert conseguem fazer uma história bela e atemporal, que realmente parece uma elegia.
No contexto de obra de arte é excelente; já no contexto de elegia cansa, por que já é a terceira para o personagem, possivelmente dando tempo para a DC Comics nos EUA se preparar para os eventos de a Batalha pelo Manto.
Se tiver que ler alguma, leia apenas a história do Gaiman (Batman #88 e 89, março e abril de 2.009), superior, onírica e atemporal.
Exceção feita para “Noites sem fim” (2005) e uma breve história da série Batman Preto & Branco volume este é o primeiro trabalho de Neil Gaiman para a DC Comics desde o encerramento da série Sandman. Este encerramento foi publicado no Brasil pela Editora Globo, depois colecionado em 10 álbuns pela Conrad e agora está sendo prometido em dois álbuns do formato absolute/omnibus pela Panini Comics.
Durante este período Gaiman dedicou-se à literatura, produzindo “Deuses Americanos” e “Os filhos de Anansi” (ambos publicados no Brasil pela Conrad), o protótipo de uma série de TV, que depois foi romanceado chamado “Lugar Nenhum” (Conrad, tendo sua versão em quadrinhos recém lançada pela Panini na série Vertigo) e alguns livros infatnis. Nos quadrinhos fez o projeto “1602” (também conhecido como “Marvel Knights 1602”), uma versão do Universo Marvel que estabelece a sua criação no ano de 1602.
Também esteve envolvido com o resgate dos direitos autorais de Ângela e Medieval Spawn, co-criações suas para as empresas de Todd McFarlane. Havia um acordo que McFarlane passaria os direitos que detinha de Miracleman/Marvelman para Gaiman em troca dos direitos dos dois personagens.
Isto nunca ocorreu e Gaiman processou McFarlane, num imbróglio alongado e penoso.
O processo começou na segunda metade da década de 1.990, sendo que primeiro Gaiman optou por ganhar a simpatia da indústria e depois iniciar realmente o processo. A estratégia se devia ao fato que na década de 90, McFarlane poderia investir pesado em advogados.
Hoje há um entendimento que Miracleman/Marvelman pertence, de fato, ao editor que o “criou” na Inglaterra. O termo criou está entre aspas por que é público e notório que Marvelman nada mais é que uma imitação do Capitão Marvel da Fawcett/DC Comics.
O quê se discute desde então é a possibilidade de se publicar os 25 números da série editada pela Eclipse Comics, onde trabalharam Alan Moore e Neil Gaiman, este, em início de carreira antes de Orquídea Negra e mesmo Sandman, que o tornaria famoso.
Comenta-se que a aproximação de Gaiman à Joe Quesada, editor-chefe da Marvel Comics, quando da criação do projeto “1602” seria parte de um plano para, assim que reaver os direitos publicar uma coletânea com as histórias de Miracleman já utilizando o primeiro nome do personagem “Marvelman”, licenciado nos EUA para a Marvel.
Voltando a trabalho atual em Batman, fãs de Sandman vão perceber que o pequeno arcos de duas edições é uma variação do arco Fim dos Mundos da série do Lorde Morpheus.
Leiam e comparem.