A proposta de
Straczynski é apenas confundir. E a culpa não é dele!
Bruce Wayne
ganharia mais se investisse em programas sociais e tivesse um
esquadrão de Batmen sob sua coordenação. Diante da
impossibilidade de ser um esquadrão humano, poderia ser um esquadrão
robótico, afinal Will Magnus está por aí.
Mulher Maravilha
poderia ganhar mais autenticidade se abolisse terminantemente a luta
e passasse a pregar a “paz & amor”, expor os segredos
de engenharia e ciência de sua ilha-país com mais de cinco mil anos
de conhecimento e metodologia científica e iniciar as mudanças
sociais. Poderia treinar mulheres ao longo do mundo em centros de
capacitação. Não por acaso, Vitória Alada da série KURT
BUSIEK'S Astro City tem um programa com este tom.
As dezenas de investigadores de todos os universos ficcionais poderiam trabalhar em parceria com as centenas de promotorias e conseguir provas irrefutáveis dos crimes cometidos por todos os vilões. Pessoas como Lex Luthor, Norman Osborn e semelhantes poderiam ficar permanentemente nas grades. Mas não ficam...
A linha iniciada pelo
escritor de Solo não leva a lugar algum por que já é
caminho trilhado. Quer apenas chocar ao leitor, fazê-lo refletir e
depois empurrar pela goela a próxima mega-hiper-super-ultra
saga da editora. Funcionaria bem como uma graphic novel no
contexto do anos 1.980: uma história fechada, à margem da
cronologia, um romance gráfico – lembrando que “romance” aqui
é uma mídia e não um gênero.
Para mudar o mundo ou
dar relevância para seus atos o Superman teria que começar
acompanhando a saúde física das pessoas. Mas e o passo seguinte?
Deixo em aberto para
que meus leitores reflitam, mas advirto que não seria muito
diferente do que Mark Gruenwald propôs em Esquadrão
Supremo (parcialmente publicada no Brasil pela Editora Globo),
onde a equipe da Marvel Comics, uma claríssima versão da
Liga da Justiça toma o poder no mundo em que vive, seguindo
uma influência a obra-prima Watchmen de Alan Moore &
Dave Gibbons. Como já disse, o próprio Straczynski já iniciou
uma releitura de Esquadrão Supremo na série Poder Supremo
publicada em Marvel Max da Panini. E o próprio autor
abandonou a série simplesmente por que não leva a lugar algum.
Talvez Straczynski tivesse outros motivos para abandonar a série,
mas o quê fica mais claro que é ele sabia claramente que, apesar do
impacto inicial a trama caminha para um domínio dos super-humanos e
o conflito com os humanos, sejam eles os militares, os políticos ou
a população civil.
Não há novidade e começa a perder as vendas por que acontece aquilo que todos esperavam.
Não há novidade e começa a perder as vendas por que acontece aquilo que todos esperavam.
Esta proposta de
interferência segue o mesmo problema para mim que é a existência
do Justiceiro da Marvel Comics. Num universo ficcional que
existissem personagens com uma moral intocável como Capitão
América, Demolidor e Homem-Aranha
(este último eternamente culpado de dezenas de ataques de
criminosos ) ou mesmo uma moral distorcida como Wolverine,
Nick Fury e Motoqueiro Fantasma, o soldado enlouquecido
que é Frank Castle já teria sido preso ou – possivelmente
– eliminado. Com uma solução definitiva para o problema a editora
perderia o personagem e diversas vendas. Assim chega-se, sem muita
dificuldade, à conclusão que não é economicamente vantajoso para
a editora resolver o problema de seus personagens, assim como não o
é, por exemplo, Castle matar definitivamente o Rei do Crime
ou Norman Osborn.
Voltando à DC, é
inegável que o “bom” Superman teria que tomar o poder em
diversos países, impedir diversas injustiças sociais, vários
crimes motivados por fé distorcida. É inegável que Batman se
tornaria ainda mais totalitário e que a Mulher Maravilha se tornaria
uma incitadora à revolução social-sexual. Por isso é impossível
que isto aconteça. Linhas de narrativa assim levam muito a cenários
de ficção científica e fogem demais da proposta de entretenimento
rápido e visual dos quadrinhos de heróis. Poderiam funcionar com
personagens não tão importantes e desvinculado de um universo tão
complexo e às vezes coeso como o da DC Comics.
Uma pena.