Fringe, Temporada 3, Parte 2

A partir do episódio 9 da terceira temporada temos aquela nem sempre tão sutil parada na trama principal para inserir as consequências e espaços para outras tramas. A primeira é a sensação de abandono experimentada por Olivia Dunham quando Peter Bishop lhe diz que ele e a outra eram amantes. Em seguida temos o retorno dos Observadores, que acreditam que devem corrigir novamente a história. A trama é longa, mas em síntese o Observador que salvou Peter e Walter quando eles retornaram do outro universo acredita que em breve Peter deverá ser sacrificado, até mesmo para corrigir sua falha e intervenção na história. Fica claro no episódio 18 que o Observador também pode navegar entre as dimensões e está acompanhando os acontecimentos com Walternative e sua Divisão Fringe.
O 11º episódio retorna aos transmorfos, ao livro que estabelece uma civilização humana antes do dinossauros, e mostra Peter sendo influenciado pela máquina que já está praticamente montada. Ele age irracionalmente matando os transmorfos e sugerindo ao expectador sofrer uma influência da máquina, mas a trama não se aprofunda muito.

A peça chave foi roubada pela “FalsOlivia” e entregue a um agente dela. Não há detalhes sobre a importância do agente ou a verdadeira função da máquina, nem como transportaram-na entre as dimensões para locais tão inóspitos.

É uma bobagem grande” Nenhuma potência iria escavar e encontrar uma arma misteriosa e montar o aparelho, sob risco de ser usado para destruir a sua própria dimensão.

Outra bobagem é explorar conceitos batidos. Um exemplo é um homem sábio que é dono de uma pista de boliche. Há evidências que este homem é imortal. O mesmo conceito já foi usado em Star Trek Next Generation com a personagem de Whoopi Goldberg, que, imortal, servia no bar da Enterprise para aprender sobre a natureza humana e dar conselhos. Por sinal no episódio 3x12 Concentrate and ask again o produtor aproveita o fato que William Bell foi interpretado Leonard Nimoy é põe entre os livros de uma estante do fundador da Massive Dynamics um sobre Spock.

É aquele meio de temporada. Peter mata transmorfos secretamente (eles não são humanos, não há crime) e ainda está apaixonado por “FalsOlivia”. Existe o risco de, ao ativar o aparato de Walternative ele escolha a dimensão de origem onde teve paz com uma Olivia Dunham que correspondia seu amor. Os produtores criam uma série de armadilhas. Primeiro estabelecem uma gravidez para FalsOlivia, depois estabelecem que um amor intenso pode romper as barreiras entre as dimensões e restauram o romance entre Peter e Olivia nesta dimensão.

Em seguida narram outro episódio no passado (houve um na segunda temporada) onde mostram que o processo de adaptação do Peter Bishop no nosso mundo (“deveria ser Lanterna Vermelho e não Verde!” - ah, se ele soubesse!) e inserem em retrocontinuidade um encontro entre Peter e Olivia ao final da infância, pouco antes da ida de Walter para o sanatório.

A partir daí a temporada esquenta. FalsOlivia num episódio descobre-se grávida e dois episódios depois é sequestrada e tem a gravidez acelerada artificialmente, dando a luz a um menino. Poderia Peter decidir-se por ela e a criança?

Walter Bishop é obrigado a confessar alguns detalhes com Lincoln (substituto do Broyles na chefia da Divisão Fringe). Ao final deste episódio descobrimos que Walternative esteve por trás do sequestro e da aceleração da gravidez. Mais vilanesco que isso impossível!

Já na dimensão padrão da série a mente de William Bell domina o corpo de Olivia, pouco depois de Peter revelar que foi o responsável por eliminar os transmorfos e esta fazendo uma pesquisa sobre a natureza do dispositivo. Não houve detalhes disso por que foi interrompido com a relação da possessão psíquica. A consciência de Bell vem de encontro ao fato que Walter não acredita ter capacidade intelectual para resolver a atual situação e se sente inseguro. Mas talvez o corpo de Dunham não seja o melhor repositório para a consciência de Bell.

Esta segunda parte da temporada – episódios 09 a 18 – desenvolve bem a trama das relações entre Peter e Olivia, a descoberta da gravidez e as ações tomadas por Walternative ao saber da existência de um neto, assim como determina o caráter dos agentes da Divisão Fringe ao desconfiarem do destino do agente Broyles. Não explica, no entanto, as razões das rupturas da realidade na outra dimensão.

Há algum tempo desperdiçado como o episódio Marionette – sobre um pesquisador que deseja reunir os órgãos doados de uma jovem e assim trazê-la de volta à vida – ou ainda sobre uma pesquisa com hélio e metais pesados para auxiliar paraplégicos a vencer a gravidade.

Mas, apesar da enrola a temporada se desenvolve bem e fica claro qual será o conflito final: Peter Bishop irá escolher esta ou aquela dimensão? Será possível reunir interesses suficientes para que ele escolha uma dimensão em vez de outra?