Está em dúvida em relação à sua decisão e a cidade não ajuda: confrontos entre Samaritano e vilões científicos ou a ameaça de um deus que teve a esposa raptada não facilitam a sua decisão.
Sutil,
Kurt Busiek transforma o rapto da esposa do deus um mero
adereço na trama, enquanto alguns roteiristas iriam em busca das
motivações para o rapto, o rapto em si, a busca das pistas e o
resgate.
Nada disso importa.
Nada disso importa.
O quê
importa na história é estar ciente de não podemos controlar tudo.
Há coisas que fogem ao nosso controle e só estaremos de bem com a
vida se fizermos as pazes com estes fatos e aceitarmos que não temos
controle absoluto sobre a vida.
Deliciosa
a história publicada originalmente em KURT BUSIEK'S ASTRO CITY
volume 2 #01 reapresenta os principais personagens da trama e o
tom que a série terá: ressaltar a importância do homem comum ou
dos sentimentos comuns que os super-seres tem.
Publicada
originalmente pela Homage, um selo da WildStorm de Jim
Lee, na época ainda um dos estúdios que formavam a Image
Comics, a história foi publicada no Brasil pela Pixel Editora na
série Pixel Magazine. Arte de Brent Anderson.
* * *
Sou fã
de Kurt Busiek e da série Astro City. Gosto de tudo que Busiek
escreveu com maior ou menor intensidade. Marvels, Os Vingadores, Liga
da Justiça/Vingadores, Conan, Superman e lamento a série Trindade.
Estas obras estão entre minhas releituras preferidas. Mas Astro City
tem um lugar especial em meu coração.
Quando
escrevo sobre a série evito ressaltar o fato que os heróis do
universo de Astro City são releituras dos personagens clássicos de
todas as editoras. Busiek trabalhou nos arquétipos e criou mitos que
se assemelham aos personagens clássicos que existem no imaginário
dos quadrinhos. No entanto, como os personagens de Busiek envelhecem
e morrem é difícil dizer que determinado personagem é a “versão
Astro City” de outro. No máximo são histórias sobre uma família
aventureira, um velocista, uma boneca androide, sobre um homem com
grande força física e um ideal inalcançável que se sacrifica
diariamente para tornar o mundo melhor ou ainda sobre um vigilante
sombrio que aceita a presença de um parceiro mirim.
As
histórias são tocantes, o roteiro é envolvente e a cada momento o
status qüo se altera. Personagens se aposentam. Um pai
percebendo que é mais importante a vida em família do que o combate
ao crime repensam suas vidas e abandonam a vigílias.
Astro
City não é uma série perfeita, mas exibe o que há que melhor e
mais relevante numa série de super-heróis. As soluções mostradas
exibem uma maturidade sem par e fazem-nos crer que muito da bobajada
que lemos nas majors não tem responsabilidade nenhuma dos
autores. É apenas um trabalho contratado para refletir as ideias dos
editores ou da empresa.
Longa
vida para Astro City!
E espero
que a Panini Comics retome a publicação da série. Há pelo menos
duas séries longas inéditas: Local Heroes (4 partes) e Dark Ages (4
volumes de 4 partes cada).