Palavras de radiância de Brandon Sanderson (Trama, 2023)

Grandioso é uma palavra adequada como adjetivo para “Palavras de radiância”. Sim, ele é uma continuação do volume anterior no sentido antigo: não é possível ler o segundo sem ler o primeiro, pois as tramas continuam. No entanto, a capacidade de Brandon Sanderson em narrar as tramas se amplia.

O livro é narrado do ponto de vista de vários personagens, ainda que Kaladin e Shallan se sobressaiam. Dalinar, Adolin e Navani também são personagens narradores – e o Riso, claro – mas não tem capítulos que se assemelham ao volume dos dois jovens, especialmente Shallan que tem sua história narrada em flashbacks.

[A trama – há spoilers!]

Jasnah Kholin teme que a jovem Shallan saia de seu controle e cria um “noivado casual” entre a jovem e seu primo Adolin – filho de Dalinar. A intenção é controlar a moça, mas um ataque faz com que Jasnah seja declarada morta e Shallan, com seu espreno sobrevivem ao naufrágio, indo em direção às Planícies Quebradas e, no caminho, crescendo como personagens e se associando com vários tipos exóticos.

O núcleo formado por Kalandin, Dalinar, Adolin e Navani enfrenta uma trama política onde Sadeas tenta implantar a dúvida sobre a sinceridade de Dalinar em suas decisões mais recentes para unificar os objetivos dos príncipes. O rei Elhokar também não ajuda! Ele é perigosamente invejoso do papel dos outros em seu reino e dá espaço para que as decisões de seus auxiliares sejam postas em dúvida.

Feridas são reabertas quando Amaram retorna – personagem central das tramas de Kaladin no volume 1 – e, por amizade, Dalinar o convida para refundar os Cavaleiros Radiantes.

O livro é divididos em cinco partes e todas possuem excelentes ações de final de capítulos. O desenvolvimento de Shallan e seu envolvimento com os Sanguespectros; as lutas por armaduras com resultados impressionantes; a queda nos abismos. Assim o livro é desenvolvido com um crescendo! Até os interlúdios são impressionantes quando temos noção de que os parshendianos tem mais formas – cada qual com sua funcionalidade – e descobriram mais uma, especialmente terrível.

Mesmo Szeth, o assassino de branco, evolui como personagem, transcendendo no fim – tornou-se algo novo.

Sanderson entrega um livro estupendo, fantástico, grandioso! Divertido e honesto no que se propõe de ser um capítulo de um épico. Ao final você fica com a pulga atrás da orelha sobre como é conveniente que tantos radiantes sejam personagens ligados ao núcleo da série. Também incomoda um pouco a teimosia de Kaladin em evitar ser um herói, ainda que seja desda sempre alguém responsável pelos seus – o que traz excelentes desdobramentos à trama, claro. A ideia de a Ponte Quatro continuar unida, a questão do descontrole no Reino – algo que me impressionou como demorou, visto que o poder central está deslocado para as planícies há seis anos – e a questão de que era necessário que o rei sucumbisse para surgir um rei (ditador?) com uma enorme autoridade central merece destaque e é um tema que não está totalmente encerrado. Leva-nos, como leitores, a vários níveis de interpretação e até enganos.

Um livro, se não perfeito, acima da média e divertido, de fácil leitura ainda que seja enorme com suas 1.328 páginas!

Aconselho a todos a embarcarem na Cosmere e que 2024 traga o próximo volume.


Palavras de radiância de Brandon Sanderson

Livro 2 de “Os relatos da Guerra das Tempestades”.

ISBN 978-65-89132-71-4. Trama, 2023.

1328 pags. Publicado nos EUA em 2014.