O apocalipse amarelo, livro 1 Uma torre para Cthulu, Diego Aguiar Vieira (AVEC, 2023)

O apocalipse amarelo livro  1: Uma torre para Cthulu

Diego Aguiar Vieira tem uma ousadia incomum: decide não explicar como o mundo acabou.

Sim, há algumas informações, mas nenhuma de grande auxílio. Sua história se passa após o fim do mundo, ponto. A civilização mudou um pouco, se adaptou. Os alimentos mudaram e há o desejo contínuo da sobrevivência.

Então contra os prognósticos a humanidade persiste. Ainda que muito conformada e este é o primeiro nível de conflito do livro: o conformismo da humanidade diante do quadro. Mas há outros problemas.

A estratégia do inimigo foi isolar as pessoas; não só no nível de comunicações, como no nível físico. O núcleo familiar que acompanhamos está em um fim de mundo chamado Mucaragua.

Lá a família Dédalo (Malaquias, o pai, e os filhos Rafa e Ícaro) cheia de problemas de relacionamentos e ainda mais enlouquecida pelos acontecimentos pós-fim do mundo tentam ora sobreviver naquilo que restou, ora fugir daqui antes que aquilo que surgiu após o fim os modifique além do limite.

No que se pretende ser uma série de pequenas novelas sobre a sobrevivência após o Grande Fim, Diego consegue nossa atenção e realmente descreve cenas e eventos fortes, impactantes. Se no Brasil existisse atualmente uma série de antologia de contos de ficção/terror, algo aparentemente economicamente inviável, consigo facilmente ver os leitores sendo apresentados a um ou dois contos por ano e posteriormente reunindo-os em um livro maior. A apresentação não diminui o impacto e fico desejoso que ele tenha sucesso e que continue sua série.