Carmindinha, minha segunda mãe

 


Não escrevemos textos para quem já se foi, escrevemos para nós mesmos para exorcizar parte da dor.

Ontem, na madrugada de 24 de janeiro de 2021, por volta das 3:40 Carminda Oliveira Medina encerrou seu período neste plano.

Carmidinha como era conhecida deixou quatro filhas (Irlândia, Eliane, Graciele e Cristiane) e cinco netos (quatro diretos Izabel, Ágata, Gustavo e Marcos e uma indireta, emprestada de mim, Ana Vitória).

Carmidinha era absolutamente comum. Batalhadora, apaixonada, animada. Um ser humano incrível! Para mim era especial. A conheci em 2009 e nesta dúzia de anos vivi parede a parede com ela. Era minha vizinha, minha sogra, minha mãe.

Não haverá um dia em que ao lembrar dela a dor da saudade não esteja presente.

Carmindinha tinha 66 anos e morreu de complicações decorrentes da infecção pelo corona. Foi infectada em algum momento à altura do Natal, possivelmente uns quatro dias antes. Teve rouquidão e febre moderada. Em quatro de janeiro fez o exame e foi internada para observação. Parte de seu pulmão havia sido comprometido – 70%. No período de sua internação no isolamento trocamos vídeos, continuava a mesma pessoa animada e esperançosa de sua rápida recuperação. Na madrugada de 8 de janeiro foi deslocada para a UTI e continuou a se comunicar até ser entubada em 12 de janeiro. Desta maneira esteve entre 12-24/jan, mas uma de minhas cunhadas a visitou e realmente acreditávamos em sua recuperação, até que veio a notícia de que seria necessário uma traqueostomia.

No sábado (23), a família foi notificada que o quadro havia se agravado e que ela havia tido uma crise renal. Seria medicada com drogas e em seguida tentariam uma hemodiálise. Neste momento o médico avisou que faria tudo ao seu alcance e que havia um enorme risco de vida.

Tenho certeza que o médico e sua equipe assim o fez! Parabéns meus caros anônimos!


Carmidinha se foi. Uma cabeleireira da Vila Nova, bairro onde moro, atraiu um cortejo que enrubesceria algumas personalidades locais. Era uma pessoa amada, querida. Não seguia nenhuma doutrina, gostava de forrós e era capaz de virar uma noite em uma festa – mas não bebia. Não era a única não religiosa na rua em que morava (Rua Piauí, 205, próximo à esquina da Rua Rio de Janeiro) mas certamente era a única que eventualmente colocava um forró ou músicas românticas dos anos 1970 e 1980 em um bom volume durante alguns momentos - mas não o suficiente para atrapalhar a rotina dos vizinhos.

Chorei e vou chorar muito. Vou lamentar todos os dias. Vou pensar em todos as oportunidades de compartilhar momentos com ela que me foram negadas. Vou lembrar dela eternamente, sendo que o eterno neste caso é a minha própria medida de vida. 

Mas enquanto eu viver a memória dela viverá!

Te amo “mãe”. Beijos! Tchau!

Carminda "Carmindinha" Oliveira Medina em Santa Cruz de Cabrália (BA). Março de 2020.

 
Carmidinha e eu em fevereiro de 2019.

 

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