O
detalhe é que o meio que permite o acesso de um sistema a outro –
o “flow” - iniciou um colapso ao mesmo tempo em que uma
das famílias pretendia tomar o planeta mais longínquo – o “Fim”,
entendeu a pouco sutil piada? - pois acreditava que este planeta
seria o centro das “linhas de tráfego” do flow. Houve um
erro de planejamento, que leva a outros e em determinado momento
estão todos no modo “tentativa e erro”.
Scalzi
cria o cenário e o plot básico de uma boa série, mas
diferente de outras autores de fantasia, escolhe trabalhar com um
núcleo bem reduzido de personagens. Há Kiva Lagos, herdeira
de uma família, responsável por transporte de produção, agora
obrigada a cuidar dos interesses financeiros de uma família em
decadência. Kiva ganha o ódio da Condessa Nohamapetan!
Há
o lorde Marce Claremont, enviado de “o Fim” para relatar
ao emperox que o flow está ruindo e que não há como
prever quando ocorrerá. Mas Marce cai nas graças da emperox
ao mesmo tempo em que descobre que houve outras rupturas antes e uma
razoavelmente “recente”. Ele irá investigar as razões do
colapso e descobrir novos níveis de mistério.
E há
Cardenia Wu, a emperox Grayland II, herdeira
do império mas não exatamente no controle da Casa
Wu, portanto
conduzindo a todos e sendo usada – e usando alguns – em um
intricado jogo político. No entanto, Grayland realmente acredita no
fatos que Marce traz a ela e se vê diante de um dilema para salvar a
maior quantidade possível de pessoas sob o risco de comprometer sua
posição como líder política e religiosa.
[Crítica]
Scalzi não entrega um livro complexo. É basicamente um divertido
passatempo, sem complexidades maiores. Funciona como desdobramento do
primeiro e das ideias que existem ali, mas não funciona sozinho. Ele
gasta 1/6 do livro para estabelecer que o emperox já utilizou do
recurso das visões em benefício próprio, lá atrás para fundar o
império. Mas ao deixar claro que Cardenia usou deste subterfúgio,
Scalzi entrega que não existem visões, na verdade, apenas planos
políticos que se alimentam com elas. Ao disseminar que o flow está
colapsando, Cadernia usa seu poder imperial e diz que o colapso veio
à ela como uma visão. E isto choca a igreja que não tem fé de
fato.
Kiva e Nadashe roubam as cenas, assim como a Condessa. Em uma série
de TV é lógico que serão personagens centrais; Kiva por suas
atitudes e opções sexuais ganharia muito tempo de tela, Nadashe por
ser a filha que é objeto de negócio da família, mas que tem ideias
distintas sobre isto disputaria facilmente o lugar de “vilã que de
fato não é”. Já Marce e Grayland II tem capítulos inteiros e
não são poucos, mas não soam factíveis. Há ainda um nível de
“sonho de princesa” ou “encontro com cavaleiro honrado” que
não permite que as histórias deles emplaquem perfeitamente: apesar
de alguma dificuldade inicial eles resolvem seus problemas com uma
incrível facilidade, enquanto as outras duas tem que suar, correr e
às vezes ser arremessada ao espaço!
Mas compreendendo a série como uma trilogia, podemos pensar que é
um romance de meio, elo de ligação para o quê haverá e aí então,
cria-se uma expectativa sobre o fim, já que muitos fatos novos vem à
tona neste volume. Mas o impacto é bem menor que o primeiro. É
quase um romance protocolar buscando resolver o cenário geral e
dando espaço para o desenvolvimento de alguns personagens.
The Interdependency series |
Vol |
Nome |
Ano |
1 |
2017 |
|
2 |
2018 |
|
3 |
2019 |