Existe
uma resistência contra Elric por ser fisicamente fraco, algo
evidenciado pelo seu albinismo, mas a graphic novel peca um
pouco neste quesito. Apesar de tomar porções e reclamar de cansaço
físico, Elric é retratado como um jovem impetuoso, e este será o
contraponto desejável para a narrativa, ou seja, mostrar como um
jovem impetuoso e disposto à ação a todo momento irá conseguir
através de imersões nos sonhos aprender o suficiente para gerir o
reino. Já no romance Elric de Melniboné (1972) a fraqueza de
Elric é pública e notória e mesmo seus amigos questionam se ele
seria a escolha ideal para suceder o Imperador Sadric.
Como
opção a ele temos Yyrkoon, representando de maneira bem
distinta dos clássicos apresentados por P Graig Russell e
Michael T Gilbert nos
anos 1980, aqui ainda com ódio mortal contra seu primo, mas
capaz de agir indiretamente e menos louco. A cada imersão de Elric,
Yyrkoon emerge também disposto a tornar-se sábio e matar o avatar
do príncipe albino, algo que provocaria a morte de seu corpo físico.
Em cada
uma das quatro edições o mestre Tanglebones dá a Elric uma
porção que o envia ao reino dos sonhos por anos ou décadas,
enquanto em Imrryr passam apenas algumas horas. Lá, no reino
dos sonhos, Elric obtêm conhecimento da língua dos dragões, de
como comandar os demônios, dos pactos com o seu demônio patrono,
Arioch, e em diversos momentos mesmo ali está de posse de
Stormbringer, a espada diabólica que rouba almas,
evidenciando seu destino no mundo real. Seriam sonhos ou visitas a
corpos de ancestrais? Seria ele senhor ou escravo de Stormbringer?
Ao final
as experiências alteram o jovem aproximando-o do melancólico
regente visto em Elric de Melniboné (1972), assim como Yyrkoon do
louco descontrolado presente naquela narrativa.
Bem
diferente da narrativa fragmentada de Michael Moorcock'sMultiverse (1997), Elric: The making of a sorcerer é capaz de
surpreender até aos leitores mais exigentes mostrando um excelente
trabalho de Walt Simonson (The Mighty Thor, Orion,
Michael Moorcock's Multiverse) e uma narrativa bem estruturada
do autor inglês, capaz de agradar a fãs hardcore das novelas
de Moorcock, assim como os neófitos advindos dos quadrinhos.