Ontem
li Dylan Dog Mater Mobi, onde uma personificação da doença
contaminada o detetive do pesadelo, Hoje leio Thanos (Panini,
março de 2018, ISBN 978-85-4261-060-4) onde o personagem
título descobre-se doente de uma doença terminal e isto é o
gatilho para toda a trama deste volume que coleta as edições #1-6
da série de 2016 do personagem – em tempo: há, no mínimo, mais
uma série “Thanos” inicialmente escrita por Jim Starlin e
também publicada pela Panini Comics.
Escrita
por Jeff Lemire e com arte digital de Mike Deodato a
trama não é realmente complexa. Enquanto Thanos tenta achar uma
explicação e cura para a doença que o acomete, navegando no
espaço, enfrentando seu pai, Mentor dos Eternos de Titã e a
Guarda Imperial de Shiar, e fazendo o leitor de bobo, pois ali
está a ação mas não a trama de fato; do outro lado temos Thane,
filho de Thanos, que reúne uma equipe formada pelo Ancião do
Universo Tryco Slatterus, o Campeão; o irmão de Thanos, Eros
o Starfox e Nebulosa, tudo com as bençãos de uma
personificação da Senhora Morte, que aparentemente trocou o
pai pelo filho.
Tudo
parece cansativo, roteiro requentado e reprisado ad eternum. A
arte de Deodato impressiona positivamente. As hachuras, as linhas
verticais e horizontais, tudo em excesso e detalhadas conseguem
realmente me fazer imaginar os cenários, os locais em mínimos
detalhes. Apenas para registro, é cenário dizer que o artista
trabalha há muito (no mínimo desde a passagem em Hulk de Bruce
Jones) com o uso de equipamento digital para compor seu desenho.
Todo o detalhamento que existe é resultado das ferramentas
empregadas e da competência do artista em usá-las. O resultado é
impressionante e ofusca o roteiro primário de Jeff Lemire, que
retorna há uma questão que está dominando as últimas duas ou três
décadas da produção cultural norte americana: a necessidade de o
filho sobrepujar o pai e “matá-lo” ou “exorcizá-lo”. De Os
Sopranos a Battlestar Galactica, de Thor de Dan Jurgens a Mulher
Maravilha de Azzarello há um excesso de exorcismo paternos na
indústria cultural.
Divertido
como um entretenimento para leitura rápida, “Thanos retorna”
de Jeff Lemire e Mike Deodato não sobrevive a uma análise mais
profunda de “comos” e “porquês” e certamente é uma diversão
bonita, bem desenhada e colorida de acordo ao tema.
Impressiona
a capacidade de a Panini Comis conseguir colocar um título “Thanos”
nas bancas ao mesmo tempo em que o filme “Vingadores: A guerra
infinita” chega aos cinemas e mais, conseguir ainda colocar o
encadernado “Desafio Infinita” à disposição no mesmo
período! Evidentemente há um “custo” Thanos tem “data de
capa” de março de 2018, quando não foi distribuído antes da
segunda quinzena de abril.
Thanos
diverte mas é mais uma história com 140 páginas que poderia ser
contada no formato “graphic novel” em 48 ou 60 sem nenhum
prejuízo.