The New Titans: Titans Hunt

Titans Hunt é um arco da série norte americana The New Titans e nasceu em um momento de transição da indústria de quadrinhos. Até aquele momento uma história (storyline) não tinha uma duração específica, podendo abreviar ou prolongar a trama em função de vendas. Claro que alguns dirão que as minisséries existem desde o fim dos anos 1.970, mas ainda não era comum o formato de ciclos intermináveis de séries, uma iniciando claramente ao final de outra. Hoje a cada novo arco há a informação na capa da revista explicitando quantas edições irá durar.

Assim, alguns podem considerar que Titans Hunt não tem a duração que aponto, que é The New Titans v1 #71-76 (novembro de 1990 a junho de 1991). Há momentos na trama que o autor para a história principal para introduzir aos leitores uma nova geração de Titãs, sem prejuízo da trama principal. De qualquer modo a sequência é O ardil de Jericó, que se inicia na edição #82, depois de meses de histórias fill-in e ligadas ao evento War of Gods, que conclui a trama iniciada em The New Titans v1 #71.

Titans Hunt mostra a tentativa de Marv Wolfman – auxiliado por Tom Grummett & Al Vey na arte – em assumir os roteiros e produzir material de ponta, talvez magoado com a fama de George Pérez que estava em ascensão e chegaria a ser responsável pela arte dos dois mega-eventos da indústria: Infinity Gauntlet pela Marvel Comics e War of Gods pela DC Comics, ambas concluídas por artistas auxiliares e segunda tornando-se nada mais que um rodapé na história dos quadrinhos.

[A História]
No aniversário de formação da equipe, os Titãs são atacados pelos Gnus e aprisionados, levando Steve Dayton, pai adotivo de Gar Logan, o Mutano, a contratar o ExterminadorSlade Wilson, pai de Joseph Wilson, o Jericó, membro da equipe – para descobrir o paredeiro dos membros, iniciando a Busca pelos Titãs ao qual o título original remete.

No caminho, enquanto vários Titãs morrem ou são feridos, encontramos novos personagem como O Fantasma e Pantha – um experimento de sucesso dos Gnus – ou a participação mais ativa de Arella, mãe de Ravena. Com Pantha e o aprisionamento de alguns Titãs realmente poderosos, descobre-se o fio condutor da trama: uma energia que desejava um corpo adequado para habitar e via nos Titãs esta possibilidade.

Ao longo da trama, Wolfman consegue criar uma narrativa de traição interessante – ninguém esperava aquele traidor e depois aqueles motivos, mas os motivos se perdem nas sequências – e trabalha bem a personalidade de Asa Noturna e Exterminador, este último tornando-se junto com Pantha uma espécie de Wolverine para a equipe: aquele que faz o trabalho sujo, enquanto os outros membros tentam uma solução apaziguadora que dificilmente viria, especialmente depois que, para ganhar mais tempo, o Gnu Líder – e o traidor dos Titãs – atira os heróis aprisionados e adormecidos em mísseis para diversas regiões, explodindo alguns, para desespero de Asa Noturna e dos leitores.

[O quê funciona e o que não funciona]
Definitivamente o quê não funcionou em Titans Hunt não foi a série em si, mas suas sequências e a apresentação da Tropa Titã, um conceito complexo e cheio de furos como quase toda história sobre futuros alternativos.

Outro detalhe é que a indústria trabalhava com sub-universos naquele momento e Wolfman criou o seu, composto por The New Titans, o Exterminador e Tropa Titã. Quando o conceito de sub-universo cansou, por extensão os apêndices dos Titãs também cansaram.

Apesar das vendas razoáveis no início, com direito a edição #100 (mais de dois anos após iniciada a trama, e com pouca relação com a história inicial, mas ainda assim um desdobramento da trama de Titans Hunt), estreia de uma nova série com dezenas de capas e ainda com o senão de cada variante ter uma história principal com a origem dos membros da Tropa Titã diferente, praticamente obrigando ao leitor comprar todas as variantes para conhecer a origem de todos os membros, logo a Tropa Titã se envolveria com tramas relativas à Zero Hora – o quê terminaria com a credibilidade da equipe -, Exterminador se afastaria daquele sub-universo e teria sua série encerrada e os Titãs teriam péssimos artistas, levando a série ao cancelamento, tanto no Brasil quanto nos EUA.

Ainda assim, Titans Hunt e sua sequência direta O ardil de Jericó são bons – e finais – momentos para a série criada e conduzida por Marv Wolfman e valem a pena serem lidos. Infelizmente, ou felizmente neste caso, grande parte do impacto vem da importância que você dá aos personagens, ou seja, o fato de você gostar ou não deles. Assim, um neófito que comprar a história irá ver apenas uma história de mudanças, como outras tantas na indústria e não o massacre de velhos amigos com os quais se importa.

Mas ainda assim vale a pena procurar nos sebos on-line.
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post scriptum: Para efeito de catálogo as séries The New Teen Titans volume 2 e The New Titans volume 1 são consideradas distintas, ainda que a segunda seja a sequência, inclusive numérica da primeira. The New Teen Titans volume 2 durou de #01 a 49 e a partir do #50 alterou seu nome para The New Titans volume 1, refletindo o fato de que os Titãs já estavam maduros e não eram mais adolescentes (teen).