Steve Englehart tinha uma consciência
política forte e isto pode ser conferido em Captain America,
especialmente no final do arco do Império Secreto, onde as
evidências apontam que o líder da seita fosse o Presidente dos
EUA. Lá o choque era mostrar um ícone americano (o Capitão
América) descobrindo que a corrupção se entranhou em todos os
níveis da administração americana.
Já aqui o negócio é contar em histórias em
quadrinhos de uma equipe de heróis, que tem uma série de
pré-requisitos um pouco diferente da narrativa de um herói solo,
uma narrativa de uma sociedade subalterna a uma força maligna e
ancestral que deseja dominar politica e economicamente o mundo, na
verdade dois mundos, a Terra e a “outra” Terra. Não precisa ir
muito longe para perceber a velha teoria da conspiração que
alimenta até hoje a cultura pop americana.
Com maior ou menor envolvimento o arco é narrado
de The Avengers #141-149 que
encerra a trama, mas como um encadernado nacional juntou as
edições #150-151 e ali
temos uma reunião dos membros para escolher uma nova equipe que
seria a marca da equipe nos anos seguintes resolvi incluir. Por sinal
as edições #145-146 não fazem parte da trama, e atualmente
são inéditas no Brasil.
Quando alguns membros dos Vingadores são atacados
por agentes da Roxxon – uma referência nada discreta à
petroleira Exxon – os heróis (Capitão América,
Fera, Homem de Ferro, Feiticeira Escarlate e
Visão) unem à iniciante Patsy Walker (futura Gata
do Inferno) para enfrentar os agentes e se deparam com o
Esquadrão Supremo (Arqueiro Dourado, Rouxinol,
Tufão, Dr. Spectrum e Hyperion), já
estabelecido como os maiores heróis da Outra Terra e que
estariam obedecendo aos interesses da empresa.
Derrotados, aprisionados e enviados para a Outra
Terra, descobrem que lá o presidente é Nelson Rockefeller uma
contra-parte de Hugh Jones, diretor da Roxxon, que usa lá se
utilizada da mística Coroa da Serpente para dominar a opinião
pública e o Esquadrão Supremo.
Ao fugirem após derrotarem o Esquadrão, o Fera
insere a semente da dúvida em relação à legitimidade dos atos de
Rockefeller nos heróis daquela dimensão.
É a semente da interferência política dos
heróis no mundo comum que levaria à série Esquadrão Supremo de
Mark Gruenwald.
Uma outra visão da história é analisá-la como
uma referência a um possível encontro entre Vingadores e Liga da
Justiça, já que o Esquadrão Supremo nada mais é do que uma
versão Marvel da equipe da DC Comics. Novamente é aquela
trama básica, beirando o ridículo, onde dois equipes de heróis tem
um antagonismo temporário, mas se unem em prol de um bem maior,
apesar de, aqui, não haver a união, mas sim, uma semente de
possibilidade para eventos futuros.
Seria basicamente a união anual entre Liga e
Sociedade da Justiça com suas Crises, porém na Marvel. Observe
que parte da estrutura narrativa é a mesma da DC Comics com as
divisões em equipes, normalmente duplas ou trios, contra um membro
do Esquadrão Supremo. Não é uma a imitação da outra, mas apenas
a evidência de que os roteiristas americanos são muito rasteiros em
termos de narrativa.
No final, a trama pretensamente de domínio de
planetas por uma conspiração maligna, vira desculpa e pano de fundo
para a luta entre as equipes.
Numa trama secundária, Thor e Serpente
da Lua vão ao passado resgatarem Gavião Arqueiro e
enfrentam Kang, o conquistador, derrotando-o e aparentemente
eliminando a existência de Immortus, uma versão mais madura
do viajante do tempo.
Esta trama permite colocar todos os personagens de
far-west da Marvel (Billy Blue, Defensor Mascarado,
Kid Colt, Cavaleiro da Noite e Ringo) em
Tombstone, numa trama em que Kang teria que conquistar a Terra
no passado para conseguir o sucesso no presente/futuro.
Ação, belos painéis mas falta um sentido maior
.
Publicado no Brasil em Capitão América #79-82
e Heróis da TV #78 e depois em Marvel Saga #01, ambas
da Editora Abril.
Por Steve Englehart
(texto), George Pérez
(lápis) e Vince Colletta & Mike
Esposito & Sam Grainger & John Tartag
(finais)