De modo a acabar com o assunto sobre a série Crise Final vou deixar registrado minha opinião sobre o evento.
O escritor escocês Grant Morrison já foi bem mais linear em suas histórias. Elas tinham começo, meio e fim. Homem-Animal, escrito por ele e editado por Karen Berger é assim. São vinte e cinco edições, mas tem começo, meio e fim. Têm dúvidas? É só buscar em DC 2000 #4-36.
Eddie Berganza, editor que disse no Brasil que não contratava autores de outros países por que eles não tinham o conhecimento enciclopédico necessário, se esqueceu de podar as asas do escocês.
A trama de Crise Final faz sentido, mas é distante de uma Crise nas Infinitas Terras onde várias coisas estão acontecendo ao mesmo tempo, mas – detalhe cruel – todas fazem sentido próprio e somadas fazem ainda mais sentido, nunca se anulando.
Em Crise Final alguns detalhes como a trama envolvendo Shilo Norman (Sr Milagre), Sonny Summô e os heróis japoneses são dispensáveis à trama geral.
A trama, para citar um articulista do Universo HQ, não explica como a coisa foi do ponto A para o B e, ao final, não sabemos o quê aconteceu.
Para piorar, derrotado o vilão da trama, surge um vilão maior, que tinha sido criado em uma série auxiliar (Superman ao Infinito) e os heróis tem que enfrentar num momento de reconstrução da realidade.
O erro é de Berganza. Se Berger, Raspler (editor de Morrison em LJA e DC Um Milhão) e o editor de Batman são capazes de tirar histórias úteis do autor, por que este editor não foi?
Não é simples a explicação, mas...
Contratado com status de gênio e tendo acertado em Novos X-Men (da Marvel), We3, 52, Grandes Astros: Superman e Batman ninguém imaginou que Morrison iria errar em Crise Final. Por isso não deram-lhe limites.
Ele não errou! Fez uma série hermética. Somente fãs são capazes de entender tudo que ele pôs lá.
O certo seria a DC ter criado uma série separada para ele terminar a Saga do Quarto Mundo, e não ter entregue a função a Jim Starlin, já que Morrison desconsiderou o arco “A morte dos Novos Deuses” e fez ele a sua versão da história.
Resolvido o problema do Quarto Mundo em separado, poderia-se fazer uma série onde uma força maligna estivesse corrompendo o Multiverso e que fosse necessário um grupo de heróis de várias dimensões para contê-lo.
O erro, torno a dizer, não é de Morrison.
Seu Batman & Robin é excelente. Seu retorno de Batman será um sucesso, ainda que não acredite que seja bom em função da premissa básica que é retornar e explicar o quê aconteceu com o homem-morcego.
Ele é um bom escritor, mas precisa ser orientado para produzir um material mais cosmopolita.
Quando pensarem na função de um editor, pensem em alguns pontos que toquei aqui e o quê teria sido Crise Final se tivesse realmente sido feito um planejamento de tudo que já havia ocorrido, o quê deveria acontecer e onde deveria estar o Universo DC depois de concluída a série.
No entanto a DC parece que aprendeu algumas lições e já corrigiu as narrativas no próximo maxi-mega-hiper-super-extra-ultra evento “A noite mais densa”.
Veremos.