Parte da segunda saga de “Wild Cards”, a chamada “Quadra do Titereiro” que se estende do volume 4 ou 7, “Jogo Sujo” é um romance mosaico “de meio”: não é o objetivo final, a trama está andando e você precisa ter lido o anterior para metade das coisas fazerem sentido.
As
tramas mais importantes são sobre a guerra de gangues (Máfia
e Punhos Sombrios) por um domínio de território e uma trama
onde Croyd se transforma em uma “Maria Tifoide”
moderna e passa a transmitir uma nova versão do vírus carta
selvagem que reinfecta as pessoas, modificando seus poderes ou
fornecendo a eles novos poderes. As tramas secundárias tratam de um
show para vítimas do vírus da Carta Selvagem e AIDS –
o livro é de 1988 e há um personagem homossexual na trama, o
redescoberta de Buddy Holly – que está vivo no universo de
Wild Cards, os controles mentais de Tia Malice e como isto
gera um ás que supostamente pode curar infectados, a apresentação
de um pastor como candidato à presidência dos EUA e a concorrência
com o Senador Gregg Hartman, o quê gere um conflito real que
lembra nossos tempos, a sobrevivida do Modular e o
desenvolvimento de vários personagens com Brennan, CC,
Nômada, Nenúfar, Blaise (neto de Dr
Tachyon, sendo
que este tem muito espaço no livro) e o Grande e Poderoso
Tartaruga entre outros.
O posfácio de Martin deixa claro que ele acredita que o livro se perdeu um pouco. Era para ser um romance de meio centrado na disputa de território, mas a editora não achou que guerra de gangues seria algo interessante em uma série de história alternativa e ficção especulativa, e então os autores inseriram a trama do “Croyd Tifóide” que gerou uma boa costura e por consequência um bom livro. Minhas tramas preferidas são as do destino do Buddy Holly e as com Nenúfar que se vê escravizada por Tia Malice, um curinga que domina pessoas e surgiu no volume anterior. A ideia de desviar um pouco da política, mas concentrar nisto no volume seguinte pode ser uma qualidade interessante, porque todos os leitores têm um grande conhecimento do background da série.
Longe de ser um livro “fraco” ou “ruim”, “Jogo Sujo” exige do leitor a pré-leitura de, ao menos, o volume 4, mas não é uma continuação direta. Assim, os personagens quando são reapresentados tem sua ligação com a trama explicada.
A Leya publicou 9 livros da série, mais um derivado que se passa no Brasil. A Summa, que assumiu a série e outros produtos do Martin, está reeditando os volumes, e no início de 2.022 – um ano atrás – havia publicado o sétimo volume. E bem simples encontrar os 10 volumes da Leya em preços mais convidativos do que os volumes da Summa.