O próximo grande
sucesso editorial pode estar aí, ao lado. As crônicas de gelo &
fogo, que inspiraram a série de TV Game of Thrones,
começaram sua carreira nos EUA em 1.996 e suponho que você nunca
tinha ouvido falar da série de livros ou do escritor George RR
Martin até o início deste ano.
Mas surpreendentemente a tiragem
do terceiro volume foi de 150 mil exemplares! Isto para um produto
(livro) de difícil aceitação no Brasil.
Outras séries como
Dexter e Diário do Vampiro são baseadas em livros,
assim como várias séries cinematográficas como O senhor dos
anéis, Crepúsculo, As crônicas de Nárnia ou O
silêncio dos inocentes. Às vezes nos surpreendemos com o fato
de que nunca ouvimos falar deste ou daquele livro, mas há uma
quantidade enorme de material para inspirar os autores.
Nada impede que o
próximo mega-ultra-gigante sucesso seja uma série que já exista.
Como Duna!
Peraí, Duna?
Sim, você dirá que
Duna já teve um filme com David Lynch (Veludo Azul, Twin
Peaks) e duas séries de TV – Duna e Os filhos de Duna
pelo canal SyFy – baseadas no três primeiros filhos, de um
total de cinco.
Eu respondo que a
tecnologia atual e a habilidade narrativa dos roteiristas atualmente
presentes na TV norte-americana pode produzir algo mais atraente que
os resultados de outrora.
Duna é uma hexalogia
criada por Frank Herbert (e continuada posteriormente em prequelas e
sequencias escritas por seu filho) onde basicamente temos o processo
de criação de um império baseado em uma forte doutrina religiosa.
Em termos muito simples
a família Atreides é obrigada a controlar Arrakis, um planeta
desértico também conhecido como Duna, tencionando a extração de
um minério raro e essencial para o império. Em função disso os
Atreides tornam-se inimigos dos Harkonnen, a família que controlava
o planeta com mãos de ferro e foi afastada. Esta é a primeira
trama: os Harkonnen irão derrubar os Atreides e recuperar Arrakis
para si.
Mas existe uma
organização chamada Bene Gesserit, que treina mulheres em vários
estágios físicos e mentais, e que geralmente fornecem concubinas
para as casas reais. Há um intricado plano de fomento de um ser
geneticamente perfeito que seria o produto de uma filha da Casa
Atreides com o sobrinho da Casa Harkonnen. Este casamento também
poria fim ao conflito pré-existente entre estas casas. Mas, Jessica
a Bene Gesserit que se envolveu com Leto Atreides, sabendo de seu
desejo com um filho, contraria o plano de sua ordem e dá a luz a
Paul.
Com a passagem dos anos
e o início da trama política que permeia a série, fica claro que
Paul poderia ser o salvador que as Bene Gesserit introduziram em
várias civilizações. Um salvador messiânico, de grande respeito
popular e que percebendo-se como o tal, não aceita se submeter e
apenas cumprir um papel no grande esquema das coisas.
Em vários momentos
cansativo, especialmente quando narra fugas no deserto, Duna se torna
uma leitura saborosa e reflexiva sobre a manipulação de ordens
religiosas sobre as massas e sobre as manipulações e escolhas
políticas de um império.
Uma série que merece
atenção e está recebendo uma nova edição com nova tradução
pela Editora Aleph, que também está reeditando vários clássicos
da ficção científica (sci-fi) como Fundação de Isaac Asimov.
Certamente alguém irá
perceber que Duna pode gerar três ou quatro temporadas de séries de
TV ou toda uma franquia renovada nas mãos de bons produtores.